O cenário e os desafios para desenvolver uma produção sustentável e alinhada aos mercados internacionais foram os destaques da primeira rodada do Campo em Debate desta terça-feira (29), na Expointer.
Produtores rurais, uma empresária ligada ao setor de certificação e uma engenheira agrônoma do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) participaram do debate, realizado no estande do Banrisul no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O evento foi uma parceria do banco e do Grupo RBS.
Rastreabilidade de produtos, importância dos bioinsumos e incentivo à sustentabilidade dominaram a troca de ideia entre os painelistas.
CEO da Agricon Business, startup que conecta o produtor rural brasileiro ao comprador internacional, certificando a sustentabilidade dos produtos, Eduarda Olívia Schneider citou a importância da rastreabilidade na ampliação de mercados. Ela destacou o papel da empresa nesse sentido, com práticas como análise de cultivo e de manejo, com uso de drones e mapeamento das propriedades.
— A gente mostra pro mundo que existe um agronegócio no Brasil que é sustentável.
Segundo Eduarda, os principais usuários desse sistema de certificação são produtores da nova geração do agro, que entendeu que o campo vai além da porteira, pensando em estrutura de armazenagem, controle biológico e nos demais sistemas que ampliam a produtividade, geram mais retorno e fortalecem o meio ambiente. A empresária destacou que países como Alemanha e Noruega são os que mais cobram as boas práticas no âmbito da sustentabilidade na produção.
Débora Mostardeiro Portelli, engenheira agrônoma do Irga na Região Central, explicou que existe um sistema de bioinsumos completo no país, com desenvolvimento e negócios prontos para aplicação. No entanto, o avanço do uso dessa prática esbarra no acesso à ferramenta:
— Tem uma dificuldade de acesso, de fazer essa tecnologia chegar lá na ponta. Não falta pesquisa, não faltam empresas.
Complementando, Débora citou a necessidade de uma mudança de comportamento: não pensar no biológico de maneira isolada, mas como uma peça dentro de um sistema amplo que visa maximizar produção, rentabilidade e sustentabilidade.
Sócio-proprietário da RuralSul Pesquisa e Consultoria, Eduardo Fredrich afirmou que o uso do controle biológico na plantação exige análise de solo, de nutrientes para plantas e um mix de cobertura bem-estruturado. Citando sua experiência no uso de bioinsumos, Fredrich afirmou que o retorno no processo é lento no início, mas satisfatório ao longo do tempo:
— No início, a gente não vê um aumento de produtividade. A rentabilidade e produtividade vem com o tempo.
Maurício Luís Aozani, sócio-proprietário da Agrícola Renascer, reforçou esse ponto de paciência na transição para o uso de bioinsumos. O empresário afirmou que o começo do uso dessa ferramenta é marcado por uma dinâmica de tentativa e erro. O produtor precisa experimentar técnicas, estudar a resposta da produção a esse tipo de insumo nessa busca por melhorias. Aozani destacou que conseguiu uma redução de 70% nos custos usando bioinsumos e pontua a troca feita ao longo dos últimos anos:
— Eu trabalhei para a natureza há 10 anos atrás. E hoje a natureza está trabalhando a nosso favor, porque ajudei ela
Integrantes do Banrisul destacaram a necessidade de busca por padrões para mitigar riscos e garantir mais sustentabilidade no campo de forma mais abrangente. Isso aumentaria a qualidade da produção e o acesso a mercados crescentes e abrangentes.