É preciso pensar no futuro. Quanto antes for iniciado o planejamento financeiro para a aposentadoria, menor será o valor necessário para guardar mensalmente e mais gordo será o benefício. Consultores financeiros orientam o trabalhador a simular qual valor gostaria de receber no futuro, considerando a economia particular (e ignorando a previdência pública), e começar a economizar tão logo possível.
Cálculos feitos pela consultora financeira Camila Bavaresco mostram que se alguém quiser receber uma renda mensal vitalícia de R$ 2 mil na aposentadoria deverá poupar, ao longo de 30 anos, R$ 454 por mês. Se adiar demais esta poupança, o esforço terá de ser maior. Ao longo de 20 anos, será preciso guardar R$ 961 todos os meses. Os cálculos consideram uma aplicação que remunere 100% da Selic, a taxa básica de juro do Brasil, e o saque mensal do rendimento apenas, sem mexer no montante principal. A conta não inclui eventuais benefícios que serão recebidos do INSS.
A pessoa deve escolher aplicações pensando em usar a rentabilidade como aposentadoria complementar. O ideal é dividir o valor em mais de um tipo de aplicação, para dissolver os riscos.
Tipos de gastos mudam bastante na maturidade
Para projetar quanto será preciso receber mensalmente, além de colocar na ponta do lápis o quanto se gasta no presente, é preciso entender que isso mudará muito com o avanço da idade. Os remédios passam a pesar no orçamento e os preços dos planos de saúde aumentam conforme a idade do beneficiário, que, se for funcionário da iniciativa privada, pode perder o seguro de saúde empresarial ao se aposentar.
O dinheiro destinado ao lazer também pode aumentar na velhice, uma vez que estarão ao seu alcance uma série de atividades para as quais antes não havia tempo, como viagens e passeios.
Por outro lado, possivelmente os filhos já terão concluído a formação educacional, eliminando este gasto. A despesa com transporte também tende a cair, pois não haverá mais deslocamento diário até o serviço. A pesquisa de preços em supermercados e o consumo de produtos e serviços em dias de promoção poderão ser melhor aproveitados. Também não será preciso morar perto do trabalho nem em cidades populosas, que geralmente têm custos mais caro.
Para o consultor financeiro Mauro Halfeld, programar a mudança para uma cidade menor é uma medida racional, que alia benefícios de ganhos na qualidade de vida e de economia financeira. A economia por morar no Interior pode ser revertida para desfrutar melhor a vida, ele explica.
Faça a simulação
Existem diferentes cálculos possíveis para estimar o valor necessário a ser economizado para a obtenção da aposentadoria desejada. O método abaixo, sugerido pela consultora financeira Camila Bavaresco, foi escolhido por ser, ao mesmo tempo, fácil de aplicar e confiável. Porém, para acompanhar a inflação, é preciso corrigir o valor mensalmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O cálculo prevê que o dinheiro seja armazenamento em alguma aplicação que remunere 100% da taxa básica de juro, a Selic.
1. Aplique a fórmula 1
Defina a renda mensal que você quer ter na aposentadoria e multiplique pelo fator "213". O resultado será o valor total da poupança que você terá que formar para receber a renda mensal desejada. O pagamento mensal será apenas o juro do rendimento, ou seja, o bolo principal não muda.
2. Encontre o Fator M
Veja na tabela Tempo/Fator qual o período que você deseja economizar para encontrar o Fator Multiplicador.
3. Aplique a fórmula 2
Multiplique o fator M encontrado no passo 2 pelo valor total da poupança encontrado no passo 1. O resultado é o que você precisa economizar por mês para chegar à poupança desejada no período escolhido para se aposentar.
Exemplo: Acompanhe a simulação feita com um exemplo em cinco alternativas de tempo para formar a poupança que gere aposentadoria vitalícia de R$ 5 mil mensais. Lembre-se de que quanto antes começar a economizar, menor será o valor mensal necessário por mês para atingir o total necessário.