Estudo realizado em todas as capitais brasileiras pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) indicou que 45% dos brasileiros admitem não fazer um controle efetivo do próprio orçamento. O percentual é maior (48%) entre as pessoas das classes C, D e E e entre os homens (51%). Entre os que fazem uma administração precária do orçamento, 21% dizem confiar na própria memória para gerir os recursos financeiros.
Os que afirmam controlar, de fato, o orçamento totalizam 55% dos consumidores, sendo o caderno de anotações (28%), a planilha em Excel (18%) e aplicativos no celular (9%) as práticas mais adotadas. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a disciplina é parte fundamental para uma vida financeira saudável.
— O importante é anotar e, principalmente, analisar os registros, de forma que o consumidor identifique onde há sobras e onde o orçamento deve ser ajustado — aconselha.
Conforme o levantamento, a maior parte dos consumidores brasileiros garante ser autodidata nos conhecimentos para gerir o próprio dinheiro: entre aqueles que acreditam ter um bom grau de conhecimento para gerenciar as finanças pessoas, 45% aprenderem sozinhos, enquanto 34% tiveram ensinamentos desde cedo com a própria família. Os que aprenderam a gerenciar as finanças com o marido ou a mulher são 14%, enquanto 9% fizeram um curso e 6% recorreram a algum especialista.
A pesquisa apontou, ainda, que, a cada 10 consumidores que controlam o orçamento, seis (59%) sentem alguma dificuldade ao executar a tarefa, sendo as principais queixas a falta de disciplina em anotar os gastos e rendimentos com regularidade (26%), a falta de tempo (12%), a dificuldade em encontrar um mecanismo simples de controle (11%) e a dificuldade em fazer cálculos (5%). Os que não sentem dificuldades somam 41% da amostra.
A falta de disciplina também é a principal justificativa para aqueles que não controlam o próprio orçamento, com 34% de menções. Outros 15% não veem necessidade em registrar gastos, fazendo as contas apenas de cabeça, enquanto 11% justificam o fato de terem uma renda que varia de um mês para o outro. Há ainda 10% que admitem preguiça e 10% que não sabem como fazer.
Gastos elevados recebem mais atenção
Entre os entrevistados que dizem controlar de forma adequada o seu orçamento, os gastos de primeira necessidade e valores mais elevados são os que recebem um tratamento mais cuidadoso. A pesquisa aponta que 92% anotam despesas básicas, como mantimentos, produtos de higiene, mensalidades escolares e contas da casa como água, luz, condomínio e aluguel. O mesmo percentual de 92% anota as prestações contraídas no carnê, crediário e cartão de crédito que vencem nos meses seguintes. Outros 85% sempre registram os rendimentos, como salários, pensões e aposentadorias.
Entretanto, o controle dos pequenos gastos cotidianos e compras não planejadas ainda são deixadas de lado por parte expressiva dos entrevistados. O dinheiro que poupam dos salários ou investem (24% não controlam), gastos esporádicos com lazer e beleza (30% não controlam) e pequenos gastos do dia a dia, como estacionamento, despesas com táxi e idas para bares e restaurantes, por exemplo (36% não controlam), ficaram nos últimos lugares do ranking das principais anotações.
Outros números da pesquisa
- 43% dos consumidores planejam o mês com antecedência, anotando os rendimentos e o que esperam gastar.
- 35% preferem anotar os gastos no decorrer do mês, verificando posteriormente como ficou o orçamento.
- Os que só anotam os gastos depois que o mês termina somam 21% da amostra, percentual que sobe para 25% entre os consumidores da classe C.
- De acordo com a pesquisa, 84% dos consumidores têm o hábito de fazer pesquisa de preço e 69% costumam pechinchar em busca de valores mais em conta.
- 45% dizem não ter o hábito de juntar dinheiro para realizar uma compra de valor mais elevado à vista, optando, na maior parte das vezes, pelo parcelamento. A falta de paciência para esperar a quantia ser alcançada com o tempo (51%) é o principal motivo para quem nunca faz esse esforço.
Metodologia
Foram entrevistados 805 consumidores acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais nas 27 capitais. A margem de erro é de até 3,5 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.