A gradativa queda na Taxa Básica de Juros (Selic) e a retomada do emprego criam um ambiente favorável para renegociação de dívidas em atraso. Conforme educadores financeiros, as empresas e os bancos têm sido mais flexíveis com as condições de pagamento apresentadas por clientes inadimplentes, no interesse de aproveitar a "brecha" na crise e eliminar de vez o débito. Conforme a pesquisa de inadimplência mais recente da Serasa Experian, 60,4 milhões de brasileiros tinham contas em atraso em agosto deste ano. Em Porto Alegre, havia 454 mil inadimplentes.
– Muitas empresas percebem que é melhor receber um pouco do que nada, então, têm dado condições mais favoráveis às propostas de pagamento dos clientes – afirma a educadora financeira Camila Bavaresco.
Outro fator que estimula o acerto de contas é a portabilidade entre os bancos – ou seja, levar um crédito para outro banco, buscando condições de juros menores. Para buscar a condição mais vantajosa, o cliente deve pesquisar uma instituição que cobre juro mais baixo ou alongue o prazo de pagamento. Se o novo banco topar receber a dívida, a própria instituição irá comunicar a atual portadora do débito. Conforme o Banco Central, foram executados mais de 200 mil processos de portabilidade no país no mês de agosto, o dobro do que foi registrado no mesmo período em 2016.
– Os bancos abriram concorrência para receber a dívida de consumidores, e o resultado são condições mais facilitadas para o pagamento – afirma Camila.
O tamanho do problema
Ela destaca, por outro lado, que consumidores com dívidas em atraso que já tenham sido inscritas em cadastros de negativação de crédito, dificilmente conseguirão fechar com um banco acordo de portabilidade. Independentemente do caminho tomado para renegociar a dívida, o planejamento deve vir em primeiro lugar, conforme o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos. É preciso organizar as contas em atraso, priorizar as mais caras e, então, preparar o orçamento para começar a colocá-las em dia.
– É fundamental ter ciência da real situação financeira em que a pessoa se encontra. É preciso saber exatamente quais são as dívidas que possui, o valor de cada uma e as condições de pagamento, por exemplo, e então partir para renegociação – afirma Domingos.
O casal Marcelo Azevedo Pires, 36 anos, e Gislaine Pires, 37 anos, fez as contas e decidiu eliminar as dívidas. Na quinta-feira, eles procuraram um serviço de cadastro de inadimplentes para saber para quem deviam e quanto. Marcelo descobriu que uma dívida com o banco em razão de taxas de manutenção de uma conta parada há seis meses chegava a R$ 228.
– Vou tentar pagar à vista para conseguir um desconto. Se ficar em aberto, o juro vai correr e vai ficar complicado – disse Marcelo, que é trabalhador da área da construção civil.
A esposa, atendente de uma farmácia, também quer se ver livre das contas atrasadas. Irá juntar dinheiro para renegociar um débito de quase R$ 700 com uma rede de móveis e eletrodomésticos, vencido há mais de um ano.
– Com o nome sujo, a gente não consegue comprar nada. É uma complicação.
Caminhos para consultar a situação do seu CPF:
No SerasaConsumidor, a pesquisa é gratuita e na hora por este site.
No SCPC, o atendimento Atendimento presencial de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h, no Centro de Atendimento ao Consumidor da CDL Porto Alegre e SCPC: Rua Senhor dos Passos, 229.