Secretário da Agricultura, Covatti Filho destaca a redução do número de amostras positivas para o 2,4-D em 2020. Reconhece, contudo, que o problema persiste, merecedor de mais esforços sobretudo na Campanha e na região de Jaguari. Confira a entrevista.
Como o senhor avalia a tentativa de buscar na Justiça a suspensão do uso do 2,4-D?
Criamos grupos de trabalho e fizemos as instruções normativas. Nesse grupo de trabalho, primamos pelo diálogo. Quando buscam o setor judicial, as entidades saem das mãos do Executivo. A gente sempre acreditou que, para combater o 2,4-D, precisamos de educação no campo. As instruções normativas cada vez mais levam essa educação. A gente vê uma diminuição nos números, o que é reflexo das ações que construímos. A questão judicial, por óbvio, as entidades têm essa prerrogativa.
Na primeira safra após as instruções normativas, em 2019, 88% das denúncias tiveram confirmada contaminação por 2,4-D no laboratório. Em 2020, o indicador baixou para 62,34%. Neste ritmo, por quantos anos mais os produtores de culturas sensíveis terão de suportar perdas milionárias?
A gente teve aumento no número de denúncias e diminuição das amostras positivas. A gente vê que as instruções estão surtindo efeito positivo. O importante é entender que o ano que passou foi de pandemia. Isso nos prejudicou muito na preparação dos produtores, principalmente no que tange aos cursos de aplicadores. E, ainda assim, tivemos resultado positivo. No próximo ano, vamos ter ações mais efetivas que irão trazer resultado mais positivo do que esse que temos agora.
Na Campanha e na Metade Sul, os produtores estão descrentes porque avaliam haver desrespeito com as normas. O que o senhor diria a eles?
A região da Campanha tem muito problema, mas tem outra região que nos chama atenção, a de Jaguari. Com algumas regiões, vamos precisar de atenção maior. O grupo de trabalho não foi extinto. A todo momento ele se reúne, revê as instruções normativas, e tem prerrogativa de criar novas instruções normativas. Se tiver acordo no grupo de trabalho, vamos ser mais rígidos nessas regiões. Vejo que tem espaço para trabalharmos nos locais onde ocorreu mais deriva. Vamos colocar em discussão para achar a melhor saída, seja por mais rigidez ou pela conscientização.
Na Campanha e em Jaguari, produtores cogitam desistir da diversificação de culturas e adiam investimentos por receio do 2,4-D. Além das perdas nas plantações, a sociedade deixa de receber empreendimentos que geram emprego e renda. Isso vai continuar?
Na grande maioria dos casos, a gente consegue identificar a origem da deriva. Obviamente, o Ministério Público e os produtores vão entrar na Justiça para compensar o seu prejuízo.
Esse é o trabalho da fiscalização. E o trabalho está sendo efetivo porque conseguimos ver de onde surgiu a deriva, onde teve a má aplicação. A fiscalização sendo efetiva, conseguimos trazer uma solução a esse produtor que sofreu prejuízo. O nosso trabalho é incentivar a diversificação de culturas. Nas regiões mais afetadas, teremos de fazer um trabalho mais incisivo para a conscientização. O problema é na aplicação. Quando um produtor faz uma aplicação errada, ele vai pagar por essa aplicação porque ele trouxe prejuízo a outro produtor lindeiro dele. A única maneira de estimular (os investimentos) é trazer segurança para o produtor.
O senhor e o governador Eduardo Leite conversaram sobre o 2,4-D?
Estamos mais restritos aqui (na Secretaria da Agricultura), mas mandamos todos os relatos para o governador. Ele é mantido informado e deu autonomia para a Agricultura resolver.
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Confira a entrevista com o secretário da Agricultura do RS, Covatti Filho