“O cachorro é o melhor amigo do homem porque o cavalo não cabe dentro de casa”. A frase, em tom de brincadeira, mostra o quão afável e simpático este animal de grande porte pode ser. Essas características o colocam como protagonista de um tratamento terapêutico e educacional a partir de técnicas de equitação e de práticas equestres: a equoterapia. A partir de normas estabelecidas pela Associação Nacional de Equoterapaia (Ande), o método é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).
– A interação entre cavalos e seres humanos é incrível. Esses animais criam vínculos muito próximos – explica Luiz Antonio Scotti, médico veterinário do Jockey Club do Rio Grande do Sul.
A facilidade de se inter-relacionar estimula a autoconfiança, a socialização e a concentração, ajudando a construir vínculos afetivos fundamentais para a cura.
– O terapeuta realmente é o cavalo. A criança chega e pergunta pelo Dourado, Tonhão, Secreto e Sucrilhos (todos jovens e da raça crioula), não pelos profissionais.
Quem faz a cura é o animal – relata a psicóloga Silvia Scheffer, proprietária da Cavalo Amigo, empresa que há 20 anos atua na área.
A especialista conta que, a partir do contato com o equino, crianças que não caminhavam ou não se comunicavam em razão de alguma síndrome, começam a ter melhoras motoras e de fala.
Mas não é qualquer animal que pode atuar na terapia. São necessárias características especiais para a efetividade do tratamento (veja quadro). Um dos requisitos desejáveis é a passada larga, chamada de transpista, onde o cavalo coloca a pata traseira à frente da marca da dianteira ao caminhar. Segundo Silvia, esse tipo de passo estimula os pacientes, pois o animal se mexe mais durante o deslocamento:
– O movimento tridimensional é que faz a cura na terapia.
Cuidados com os equinos:
– Ser assistido por médico veterinário para manutenção da sua saúde
– Trabalhar em cima do esforço positivo, de forma a estimular a interação entre o equino e o homem
– Manter o bem-estar do animal, com foco dividido entre a terapia e o conforto do animal, para que se sinta bem com os humanos que trabalham com ele
– Respeitar a carga máxima que o cavalo consegue suportar, que equivale a 20% de seu peso
Características do animal:
– Ter boa índole
– Ser curioso
– Gostar da aproximação e da companhia pessoas
– Não ser muito sensível ao barulho
– Ter altura entre 1,4 metro a 1,6 metro
– Ter aprumos corretos
– Manter passada larga
– Ser castrado para não ocorrer interferência hormonal
Fontes: Luiz Antonio Scotti e Silvia Scheffer