Além da dificuldade de receber a produção leiteira dos associados, ascooperativas Santa Clara e Piá já sofrem o impacto das manifestações de caminhoneiros na distribuição dos produtos industrializados. Até a manhã desta quarta (23), a produção não havia sido paralisada nas unidades da Serra e motoristas buscavam rotas alternativas até os postos de resfriamento mais próximos para evitar prejuízos. No entanto, se a situação perdurar pelos próximos dias, o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) e diretor executivo da Santa Clara, Alexandre Guerra, teme pela capacidade de estoque.
De um total de 800 mil litros de leite processados pela Santa Clara por dia, 140 mil litros que vêm da região do Jacuí não estão conseguindo chegar a Carlos Barbosa.
_ Já temos leite represado em postos de resfriamento. Temos caminhões parados com produtos industrializados. Caminhões de embalagens estão trancados. Se a greve perdurar, além de não conseguir escoar a produção, teremos a capacidade de estocagem prejudicada e pode haver problemas de abastecimento para o consumidor _ aponta Guerra.
Embora tenha recebido informações de outras indústrias que já estão parando a coleta, o diretor da Santa Clara disse que a produção na empresa de Carlos Barbosa continua.
Outra cooperativa da Serra que já sente o impacto é a Piá. Até a noite de terça-feira (23), a logística de captação vinda de Vila Flores e de Marau para a fábrica de Nova Petrópolis não tinha alterações. Porém, com os protestos em rodovias da Serra impedindo a passagem de cargas, existe o temor de que a produção possa ser afetada a partir de quinta-feira (24). O grande volume de leite costuma chegar à tarde depois da captação. Por isso, a direção da Piá espera até o final do dia desta quarta para avaliar a situação.
_ Temos material para produção até hoje (quarta). Se não chegar, poderemos parar a produção _ adianta Jeferson Smaniotto, presidente da cooperativa Piá.
Na parte de distribuição da Piá _ para o Interior do Estado, Santa Catarina e Paraná _, o gerente de logística, Carlos Alberto Raimundo, destaca que 10 cargas de caminhões não saíram das garagens em razão dos bloqueios. Cargas de embalagens vindas do Paraná também enfrentam dificuldades para chegar em Nova Petrópolis.
Caminhões de lixo de Bento Gonçalves foram bloqueados
Até as 10h desta quarta-feira (23), quatro caminhões que transportam o lixo recolhido em Bento Gonçalves estavam parados na BR-290, em Butiá. Os veículos deixaram Bento na manhã de terça-feira (22). O destino é o aterro sanitário no município de Minas do Leão, para onde são levados os resíduos coletados no município.
Conforme Everton de Fraga, gerente da Transportes da RN Freitas, empresa responsável pela destinação do lixo da cidade, a coleta segue normalmente porque carretas reservas estão sendo utilizadas. Ele explica que, após a coleta, os resíduos são deixados em um terreno utilizado como ponto de transbordo antes de serem colocados nos caminhões que vão para Minas do Leão diariamente. Porém, os resíduos nunca chegam a ficar um dia no transbordo. Segundo o gerente, o local tem capacidade para armazenar o lixo sem levar para o aterro até a sexta-feira (25).