Um dos principais consumidores de milho do Brasil, por conta da forte presença de indústrias de aves e de suínos, o Rio Grande do Sul terá de equacionar uma demanda que ficará ainda mais distante da oferta no próximo ano. Com menos produto local no mercado, o Estado terá de aumentar as compras do cereal de outras regiões ou até mesmo de países vizinhos.
– Precisamos encontrar uma maneira para que as agroindústrias tenham milho e o produtor, preço – diz Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Na última terça-feira, representantes de indústrias, produtores e governo federal reuniram-se em São Paulo em nova tentativa de aproximação. No ano passado, quando o preço do cereal foi às alturas, por conta da redução da safra nacional, o setor tentou fixar contratos futuros. Algumas iniciativas vingaram em Santa Catarina, onde o governo reduziu imposto, mas não passou disso.
– No Estado, não chegou a ocorrer esse pacto de preço – lembra Turra.
Agora, com o cenário inverso, preço baixo e oferta excedente, o setor tenta novamente avançar na proposta.
– Precisamos estancar a redução de área e devolver o estímulo ao produtor de milho – reforça Sérgio Bortolozzo, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
Além de fixar contratos antes do plantio, em negociações diretas entre produtores e indústrias, é necessário garantir subvenção governamental ao seguro agrícola, acrescenta Bortolozzo. No ano passado, a entidade chegou a liderar movimento para criação de um seguro de renda no país. Mas a crise política e econômica acabou deixando a proposta em modo de espera.
– Queremos retomá-lo (o projeto) ainda neste ano – informa o presidente da Abramilho, acrescentando que a ausência de cobertura em caso de frustração de safra é um dos principais limitadores à cultura.