Elevar a lucratividade do agronegócio é um dos desafios essenciais para impulsionar a economia brasileira. Na busca desse novo status, é preciso atacar sérios entraves que hoje freiam o mercado.
Enfrentar a volatilidade do câmbio e o impacto da relação entre dólar e real nos custos de produção e na lucratividade das exportações.
Para o economista da Federação da Agricultura do RS Antônio da Luz, a saída é abrir de fato a economia para que o impacto do câmbio seja sentido tanto no valor do produto quanto no preço dos insumos. Hoje, o Brasil é aberto aos grãos, mas os insumos são protegidos da concorrência. Com isso, o dólar reduz, mas os custos não.
– Quando o câmbio sobe, os preços dos insumos sobem de elevador. Mas quando cai, os preços descem de escada – explica.
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Garantir melhor escoamento da safra de grãos e evitar filas de caminhões nas imediações dos portos fluviais.
O caminho é a mudança no modelo de concessão das ferrovias, que atualmente não dispõem de vagões suficientes para atender à demanda do setor. Segundo o produtor Caio Nemitz, a reivindicação dos agricultores é que os contratos possibilitem o direito de passagem por meio de pagamento de pedágio para vagões próprios dos agricultores. Outra opção é utilizar transporte fluvial, mas, para isso, é preciso maior investimento em hidrovias.
Assegurar preço justo e apoio governamental na comercialização da safra para garantir renda ao produtor rural.
O setor precisa de mecanismos de apoio mais eficientes que respaldem o produtor rural. Muitas culturas, a exemplo do trigo, não se desenvolvem em razão da falta de ferramentas e políticas de apoio que garantam remuneração mínima. Solucionar esse impasse passa por ações que priorizem a produção e permitam ao Brasil cultivar o trigo que consome, cita o diretor da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro), Sérgio Feltraco.
Garantir uma política industrial de exportação para as agroindústrias.
A pedido de 28 entidades, entre elas Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) e Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços avalia a criação de secretaria específica para tratar de demandas do setor agroindustrial. O pedido é por uma atuação política mais forte para a exportação.
Frente a rumores de mudanças na política de juros no Plano Safra 2017/2018, buscar novas formas de subsidiar a produção para mantê-la competitiva.
Está em debate, em Brasília, a questão do teto para os gastos públicos, o que impacta diretamente a política agrícola praticada no Plano Safra. Apesar do embate entre os ministérios da Agricultura e da Fazenda, tudo indica que não haverá mudanças substanciais.
– Uma das possibilidades era o fim da equalização da taxa de juros, mas isso está fora de cogitação. Vamos tentar manter a taxa fixa tanto no investimento quanto no custeio – afirma o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
Driblar o custo Brasil e o impacto da alta carga tributária na produção.
A tributação é customizada, ou seja, as regras são diferentes para cada setor. Por isso, o advogado tributarista Henry Lummertz sugere que o caminho é compreender a legislação e procurar a melhor forma de se estruturar dentro do sistema, que é extremamente oneroso. O segundo passo é solicitar mudanças aos órgãos de legislação por meio de organização política. – É analisar o presente e trabalhar para o futuro – avalia Lummertz.