Pouco conhecida pelos gaúchos, até a confirmação do primeiro caso em junho deste ano, a doença do mormo tem provocado dúvidas, especialmente por se tratar de enfermidade que pode ser transmitida a humanos. O número de casos registrados até agora em animais, 13, ainda é pequeno diante do universo de mais de 25 mil exames realizados. Mesmo assim, a presença da enfermidade requer conscientização dos criadores e informações à população para afastar mitos.
O mormo é uma doença fatal?
Sim, por se tratar de zoonose (doença animal transmitida ao homem) sem tratamento e ou vacina. Normalmente, se manifesta por meio de secreção nasal purulenta, lesões na pele (eritema e abscessos), alterações nos nódulos linfáticos e pneumonia (nos animais).
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Quais os riscos para a saúde pública?
A enfermidade é pouco frequente no homem. É uma doença entendida como laboral, porque quem pode se contaminar é quem tem contato muito direto com os equinos, como tratadores e veterinários, ou quem manipula material em laboratório. O êxito no tratamento em humanos, semelhante a uma pneumonia, depende do estágio da enfermidade.
Como o mormo chegou ao Estado?
O Rio Grande do Sul era um dos poucos Estados livres da doença. A contaminação se dá pelo contato direto entre animais contaminados, por secreção nasal, urina ou fezes. A doença deve ter chegado por meio de um animal vindo de fora do Estado sem controle, já que o exame de mormo não era exigido antes do registro da doença.
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Como se dissemina?
A contaminação se dá de cavalo para cavalo.
A doença é transmitida também pelo contato com objetos contaminados, como bebedouros, comedouros e equipamentos. A bactéria também pode penetrar no organismo por contato com lesões ou abrasões de pele e mucosas. Para contaminação (homem e cavalo), é preciso haver contato com a secreção contaminada.
Como é feito o diagnóstico?
Os sinais clínicos isolados não permitem estabelecer um diagnóstico definitivo em animais, principalmente nos primeiros estágios da enfermidade. Por isso é necessário realizar provas de laboratório (fixação de complemento) para confirmar a contaminação. Recentemente, a Secretaria da Agricultura passou a aplicar também, para a confirmação do diagnóstico, o exame da maleína, substância injetada no animal que provoca reação quando ele está contaminado. O exame é reconhecido como diagnóstico conclusivo e definitivo para essa enfermidade pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) e na Instrução Normativa 24/2004 do Ministério da Agricultura que aprova as normas para controle e erradicação do mormo.
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O exame de mormo é obrigatório?
Sim. Após o registro do primeiro caso da doença, em Rolante, passou a ser obrigatório o exame de mormo para trânsito de equinos entre propriedades. Para participação em eventos, além dos exames (de mormo e anemia infecciosa equina), é necessário vacina de influenza equina ou atestado técnico de não ocorrências de sintomas da doença. Todos os exames devem ser providenciados pelos criadores.
Qual é a validade?
Para fins de trânsito, o exame tem validade de 60 dias.
Quem deve pagar o exame?
Os criadores (custo médio de R$ 70). Em setembro, o laboratório da Clínica Hípica, em Porto Alegre, foi habilitado pelo Ministério da Agricultura a realizar o exame de mormo particular. Antes, era preciso enviar as coletas para fora do Estado.
Qual o procedimento em caso positivo?
Se o animal estiver infectado, a primeira medida a ser tomada é notificar a Defesa Sanitária. Depois, isolar a área de infecção e os animais suspeitos.
O sacrifício dos animais contaminados é obrigatório?
Sim. Como não existe tratamento para a doença, o sacrifício é determinação da normativa do Ministério da Agricultura para casos confirmados. Depois, os animais devem ser cremados, em local indicado pela fiscalização estadual.
Quais propriedades devem ficar isoladas e por quanto tempo?
As propriedades onde foram registrados os casos, as vizinhas e eventuais vínculos (que tiveram trânsito de animais). As áreas onde são feitas limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos ficam interditadas até a confirmação dos diagnósticos negativos, normalmente num período de 60 a 90 dias.
Como é feita a prevenção e o controle?
Como não existe tratamento com medicamentos veterinários capaz de curar a infecção, e nem vacina para prevenir, o controle do mormo requer detecção precoce e realização de exames nos casos suspeitos, assim como nos equinos aparentemente normais.
É difícil erradicar a doença e voltar a ser zona livre?
Não. Como não se trata de um vírus, e sim uma bactéria, é mais fácil erradicar o mormo do que a aftosa, por exemplo. Após seis meses de nenhum caso registrado da doença, e comprovação de medidas de controle sanitário, o Estado pode voltar a pleitear o status de livre da doença. Somente dessa forma o exame de mormo deixará de ser obrigatório.
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Como a população pode ajudar?
Qualquer pessoa que suspeitar de focos ou presença da doença em propriedades pode comunicar, de forma anônima, à Defesa Sanitária (pelo telefone 51 3288-6200).
Fonte: Defesa Sanitária Animal da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul