Camila Maccari, especial
O conhecimento empírico da causa pode até permitir que você afirme: sim, se transa mais no verão. No grupo de Whatsapp, as amigas confirmam essa teoria, mas ninguém sabe dizer por que, exatamente.
Tem até pesquisa que mostra que, durante o verão, parece mesmo que as pessoas fazem mais sexo. Um estudo publicado em 2018 considerou os dados obtidos de pacientes que visitaram o Centro de Saúde Sexual de Melbourne, na Austrália, entre os anos de 2006 e 2014. Os pesquisadores analisaram como os diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis e os relatos sobre o número de parceiros que tiveram nos últimos três meses mudam ao longo do ano.
Independentemente da orientação sexual, eles descobriram que homens e mulheres informaram ter uma quantidade maior de parceiros recentes quando visitaram a clínica durante o verão em comparação com o inverno.
Os dados no entanto, não permitem explicar a diferença sazonal no comportamento sexual. O que existem são hipóteses que, de acordo com a ginecologista e sexóloga Sandra Scalco, levam em conta fatores biopsicossociais:
– Existe um termo chamado de extraordinária flexibilidade do ser humano quando se fala em sexualidade, que é quando usamos a criatividade e inteligência para lidarmos com o que temos, nesse caso, o verão. Não há, no comportamento sexual humano, uma variável invariante: sempre são questões multifatoriais que devem ser levados em conta.
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Um deles é a prática de atividade física, que geralmente aumenta no verão. A sexóloga Rita Nunes explica que, com as academias lotadas e um comprometimento maior com os treinos, aumentam os níveis de testosterona no organismo. O que tende a aumentar o desejo sexual e melhorar a libido.
Outro fator pode, sim, ter a ver com o impacto de dias mais longos no organismo: por mais que você passe o dia trancada em um escritório, ao sair do trabalho ainda pode encontrar o dia lá fora. E a luz solar desempenha um papel importante na hora de aumentar os níveis de serotonina no organismo:
– É um hormônio neuroendócrino que, na prática, aumenta a comunicação, sensação de bem-estar e a receptividade – explica Sandra.
Rita Nunes faz coro ao afirmar que a serotonina pode ter um papel fundamental no declarado aumento de frequência sexual. É que, quando a receptividade aumenta, aumenta também a disponibilidade para transar. Assim, o que aconteceria é que, na estação mais quente do ano, estaríamos mais disponíveis ao sexo.
– Soma-se a isso que, no verão, os estímulos visuais e olfativos estão mais disponíveis: roupas mais curtas, mais pele à mostra, as pessoas saem mais de casa, vão a festas cheias, que podem vir acompanhadas de mais ofertas alcoólicas, por exemplo. A tendência é que o verão é uma estação que chama – afirma Rita.
Os eventos que brotam com mais facilidade durante o verão também fazem com que associemos a época à diversão e relaxamento. E, para muitos, é período de férias, o que aumenta ainda mais o espaço para o sexo –tanto na cabeça quanto na rotina.
– Pressupõe mais viagens, mais lazer e, consequentemente, mais disponibilidade. Você investe em uma alimentação mais leve e saudável, que garante maior bem-estar e ajuda, ainda mais, a ficar relaxada. Ou seja, me predispõe a mais situações que trazem mais contato com o sexo o que, indiretamente, acaba sendo fator que aumenta desejo e frequência – acrescenta Sandra.
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