Além de praia e sol, verão é sinônimo de eventos ao ar livre, festivais, festas e bloquinhos de carnaval. Nessas ocasiões, os banheiros químicos e públicos são a única alternativa para quando bate a vontade de fazer xixi — afinal, urinar na rua é crime. É comum, porém, as pessoas se depararem com cabines sujas, falta de papel e ausência de pia para lavar as mãos, gerando preocupações quanto à higiene do local e consequente integridade da saúde íntima.
O desafio acaba sendo maior para as mulheres, uma vez que elas enfrentam um maior risco de contaminação por vírus e bactérias ao ficarem em contato direto com o assento do vaso sanitário quando urinam sentadas. No entanto, de acordo com a ginecologista Gabriela Bianco Praetorius, é possível tomar alguns cuidados para evitar perrengues e não deixar que os banheiros limitem a diversão do momento.
Riscos de contaminação
O banheiro da rua não é igual ao banheiro de casa. As diferenças estão na falta de recursos e na falta de conhecimento sobre a periodicidade da limpeza do local. Os ambientes de alta rotatividade podem se apresentar como um grande aglomerado de bactérias, vírus e germes, considerando que muitas pessoas não lavam as mãos após o uso, puxam a descarga com a tampa do vaso sanitário aberta e não utilizam as cabines de maneira conveniente.
— Nem sempre a higienização dos banheiros é feita com a frequência e a forma adequadas. A principal via de contaminação é a fecal-oral. O que acontece: a pessoa que vai usar o banheiro não higieniza as mãos, encosta nas portas, no vaso, na parede, e acaba levando a mão para boca em algum momento — explica Gabriela.
Esses microrganismos são capazes de provocar doenças, como viroses, dores abdominais, diarreias e vômitos. A médica cita também a possibilidade de transmissão da hepatite A. Por outro lado, afirma que contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) em razão da higiene desses ambientes não são comuns.
— Para contrair infecções sexualmente transmissíveis, como as virais, herpes, HPV, teria que ter um contato direto da região genital com o assento. Então, as infecções não são tão frequentes assim. No caso de HIV, hepatites B e C, tu tens que ter uma porta de entrada, como um ferimento na pele e ter contato com o vírus, o que também é bem raro — esclarece a ginecologista.
A recomendação é evitar encostar as mãos nas paredes da cabine, no assento, na maçaneta, na descarga e demais locais de contato frequente. Como isso pode ser bem difícil, o ideal é lavar as mãos com água e sabão antes e depois do uso. Ou, caso não haja a possibilidade da lavagem, é possível higienizá-las com álcool gel.
Outro ponto que merece atenção é não usar o celular dentro do banheiro ou levar copos, por exemplo. Os objetos também podem ser contaminados e se tornarem vetores dos agentes infeciosos.
Agachar ou se sentar no vaso?
O uso de banheiros químicos está frequentemente relacionado ao relato de mulheres que contam realizar "malabarismos" para conseguir utilizá-los sem encostar no vaso sanitário. Conforme Gabriela, se o local aparenta estar sujo ou caso não se tenha conhecimento sobre o seu estado de limpeza, a orientação é não sentar diretamente no assento.
— Você pode fazer uma higiene com um álcool gel. Existe também os protetores de assento que podem ser usados. Mas, se não tem certeza de que está limpo, o melhor é não encostar mesmo — orienta a médica.
Gabriela cita ainda a possibilidade de as mulheres carregarem consigo o chamado condutor ou funil urinário. O utensílio é conectado entre as pernas e permite que o xixi possa ser feito em pé, reduzindo o contato com as superfícies potencialmente sujas e contaminadas.
— O condutor urinário é uma boa dica para as mulheres que vão para as festas e não têm certeza da higiene do banheiro. Vale a pena ter na bolsa.
Eles estão disponíveis no mercado em versões descartáveis (em papel) e não descartáveis (em plástico). Segundo a ginecologista, quando se pensa na utilização em banheiros químicos, a recomendação é dar preferência para as versões em papel, que podem ser jogadas no lixo, já que as de plástico exigem um cuidado com a higienização e o armazenamento após o uso.
— Outro ponto que eu acho muito importante é levar lencinho de papel ou lenço umedecido, porque também às vezes o papel higiênico do local tá sujo, tá molhado ou não tem papel no banheiro. Também, há as pessoas que dão a descarga com a tampa do vaso sanitário aberta, isso também espalha vírus e bactérias pelo local — acrescenta.
Não segure o xixi
Infecções urinárias também entram no debate sobre a saúde íntima. Entretanto, o risco de desenvolvimento é maior entre aquelas pessoas que seguram a vontade de fazer xixi para evitar a ida ao banheiro químico. Ficar com a urina parada inibe a limpeza natural da uretra e da bexiga, levando ao acúmulo de elementos que deveriam ser eliminados do corpo.
— A infecção urinária normalmente acontece por ascensão de alguma bactéria da região genital. Quando urinamos com frequência, reduzimos o risco de ocorrência de infecções urinárias. O uso dos banheiros públicos não é a causa mais frequente.
Nesse sentido, outra dica da especialista é urinar antes de sair de casa, para que você evite ficar com vontade no tempo em que estiver na rua.
— Sempre que vai sair para a rua, já faz xixi antes de sair de casa. O ideal é não segurar porque realmente aumenta o risco de infecção urinária e desconforto — reforça.
A médica ainda destaca que, em caso de aparecimento de algum sintoma diferente do habitual, a mulher deve procurar um médico ginecologista ou seu médico de confiança.
O que levar na bolsa
Para utilizar os banheiros químicos e públicos e não colocar a saúde em risco, considere levar na bolsa itens práticos, entre eles:
- Álcool em gel
- Lenços de papel descartável, lenços de papel higiênico ou lenços umedecidos
- Condutor urinário
- Protetor de assento descartável
*Produção: Carolina Dill