Quem entra no apartamento da administradora de empresas Denise Isdra, 55 anos, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, se depara com paredes cobertas por portas de vidro que abrigam Barbies raras, produzidas especialmente para colecionadores. Sem saber exatamente quantos itens fazem parte de sua coleção, a fã estima que tenha cerca de 1,5 mil bonecas espalhadas pelas prateleiras da sala de estar e que seguem pelo quarto e por uma espécie de closet.
A paixão pelo universo da Barbie não tem uma explicação definida. Vestida de rosa para a entrevista, Denise conta que admira o slogan que acompanha a marca, que diz "você pode ser o que quiser".
— Ela pode ter a profissão que quiser e fazer o que tiver vontade, desde que seja o que ela deseja. Eu faço questão de ter todos os tipos. Tenho a Barbie cadeirante, que é uma mulher poderosa e linda. E todas as rainhas e princesas da África, que também têm um lugar de destaque e, inclusive, tem uma das dez mais raras do mundo — ressalta a colecionadora.
Denise começou a comprar as bonecas há 30 anos, mas a coleção atual iniciou só depois do anos 2000. Isso porque ela havia doado as Barbies que tinha antes, pensando que não faria sentido manter o hobby tendo dois filhos homens.
— Eu dei todas e depois voltei a colecionar. Elas não são para brincar, são como uma pintura na parede, com número e vestidos de grandes estilistas — afirma Denise, que adquire boa parte do acervo pela internet com outros colecionadores.
Sobre a crítica de que Barbie carrega um padrão de corpo inacessível, a administradora faz uma ressalva. Para ela, é preciso entender que a boneca da Mattel jamais poderia ter essas medidas na "vida real".
— A Barbie não é modelo para ninguém. Ela não pararia em pé e se fosse uma pessoa, teria 1,80 metro, 50 quilos e uma cintura de 41 centímetros. Isso não existe, a Barbie é só uma boneca — defende.
Além de participar do clube oficial de colecionadores, que reúne pessoas do mundo todo, Denise também gosta de pesquisar curiosidades sobre a boneca. Ela conta, orgulhosa, que possui em seu acervo a primeira Barbie, lançada em 1959 e vestida com o clássico maiô listrado. Ao lado desta versão, também estão outros modelos que inspiraram as roupas utilizadas pela atriz Margot Robbie para divulgar o novo filme da boneca, que está fazendo sucesso nos cinemas.
— Nesse aqui, a atriz fez uma adaptação, porque já não se usa mais pele — explica a colecionadora, enquanto aponta para um vestido rosa que simula uma gola de pele animal.
O passeio pelo acervo ainda permite contemplar vestidos de noiva, uma Barbie com vestido com detalhes em ouro, trajes confeccionados por grandes estilistas, como Yves Saint Laurent, e as bonecas que fazem homenagens a personagens icônicos, como das produções Senhor dos Anéis, Mulher-Maravilha, Star Trek, Grease, Fantasma da Ópera e E o Vento Levou.
Há também as versões que imitam celebridades, como Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e a que motivou o início de toda a coleção de Denise: a Barbie da cantora Cher.
— Eu sou apaixonada, comecei a comprar por causa dessa — confessa.
Questionada se sabe quanto já investiu ao longo dos anos na coleção, Denise tem uma resposta pronta:
— Não faço essa conta! — brinca.
Ela também responde a outra provocação de forma tranquila: aceitaria alguma proposta para venda?
— Não tem como! Tu podes vender uma ou outra, mas não tem como precificar o todo... O trabalho de dedicação e os anos da minha vida para montar, para mim não tem preço — finaliza.