Contar a trajetória das oito finalistas da quinta edição do Prêmio Donna Mulheres que Inspiram lança o desafio: existe limite para a vocação e a empatia?
Selecionadas entre centenas de indicações de especialistas em diferentes áreas, elas se destacam da ciência à moda sustentável e fazem diferença. Mais do que exemplo de grandes realizadoras, o que une este grupo é a certeza de que é preciso que alguém dê o primeiro passo. Exatamente o que elas fizeram.
Leia e inspire-se no exemplo de Onilia Araujo, uma das finalistas de 2020. As vencedoras serão anunciadas na edição dos dias 21 e 22 de março.
Onilia Araujo
Empreender nunca foi a primeira opção de trabalho para Onilia Araujo, 45 anos. Mas, desde cedo, a sétima filha de uma família vinda do Interior entendeu que precisaria lutar mais do que a maioria para conquistar seu dinheiro.
Aos 14 anos, já tinha feito cursos de mecanografia, operadora de telex e garçonete. Ganhar um salário logo pareceu mais atrativo do que frequentar as aulas – e ela abandonou o colégio.
Empregada em um rede de hotéis, Onilia contou com a ajuda dos patrões para conquistar uma vaga na UFRGS – outro sonho que ela não sabia que era seu.
– Quando a gente acessa o nível superior, é outro universo. Aquele salário que eu achava que era o topo, vejo que era uma miséria – recorda. – Foi libertador descobrir o quanto eu valho.
Nas aulas de Ciências Contábeis, percebeu que não se encaixaria em um escritório tradicional. Então veio o estalo: criou uma empresa de inovação contábil, que atende mais de 150 clientes em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O sucesso profissional, contudo, fez com que ela entendesse que precisava devolver ao mundo um pouco do que sabia. Fundou, então, a Convexo, projeto que incentiva a formação de lideranças entre estudantes de escolas públicas a partir do empreendedorismo. A chegada do filho, Pietro, fez a empresária se descobrir também uma ativista racial. Assim nasceu a Associação Gaúcha de Afroempreendedores, que tem como propósito contribuir para o “empoderamento econômico da população negra”:
– Não é sobre ser claro ou escuro, é sobre ocupação de espaços. Sobre entrar na conversa de igual para igual.