Quando era pequena, brincava de Barbie. Aliás, nem era mais tão criança assim e as Barbies seguiam povoando meu universo particular. Naquela época, ainda não existia no Brasil toda essa variedade de Barbies com todos os seus estilos e profissões. Então, cada vez que meu pai viajava para os Estados Unidos para algum congresso de medicina, era imperativo que trouxesse algum exemplar da boneca na mala. Não apenas a boneca, mas seus sapatinhos, roupinhas, carros, guarda-roupas. Desde aquele tempo, os americanos não tinham limite para criar modismos para a mais fashionista das bonecas.
Lembro de enxergar na Barbie o ideal de mulher perfeita. Ela era linda, corpo escultural. Tinha o namorado dos sonhos, Ken. Admirar aquela maravilha de boneca servia como um estímulo para me tornar alguém preocupada com a saúde do corpo e com a elegância de saber me vestir. Para mim, a Barbie sempre foi um ícone; jamais uma boneca capaz de me atormentar por não ser capaz de atingir um ideal de beleza inalcançável, como tanto andou se pregando por aí. É que o mundo e as mentes mudaram bastante.
De uns tempos para cá, a Barbie passou a ser acusada de promover o ideal de um padrão de estética inatingível. Mundo chato esse em que tudo é questionado à exaustão, onde tudo vira motivo de discussão raivosa em redes sociais – até uma simples e bonita boneca. Neste novo mundo, a Barbie viu-se cercada de polêmicas. A principal delas: ter um corpo desproporcional ao ser comparada com qualquer mulher real. Por esta comparação, entenda-se cintura fina, pernas longas, seios perfeitos, além de andar 24h sobre um salto altíssimo.
E assim, depois de 56 anos, a Mattel, fabricante da boneca, resolveu fazer algumas mudanças importantes em seu posicionamento. Hoje a Barbie tem uma conta oficial no Instagram para compartilhar o seu dia a dia e ficar mais próxima de seus consumidores. Além disso, ganhou novos tons de pele, olhos e cabelos diferentes, além de não usar mais salto em todas as suas versões. Recentemente, a marca lançou a campanha Imagine the Possibilities. Para este novo mundo, veio a calhar.
A campanha foi pensada justamente para empoderar meninas e mulheres – e alertá-las de que elas são livres para serem o que bem entenderem. Nada a ver com o estéreotipo da boneca que conheci há 30 anos (e que nunca me incomodou, repito de novo). No vídeo da campanha, câmeras escondidas registraram as reações reais de meninas que imaginam suas profissões no futuro: professora, médica, empresária, juíza de futebol. As próprias crianças do comercial escolheram o que queriam interpretar.
O resultado? Um amor – e inspirador. Aperta o play!