Está estreando na nossa revista, hoje, a escritora Martha Medeiros, que dispensa apresentações. Quando me contaram da vinda dela para o DC, fiquei muito feliz. Como se dizia antigamente, sou "macaca de auditório" (aliás, que gíria mais boba) dela. Acompanho Martha há muito tempo, muito mesmo. Tenho quase todos os livros que ela escreveu, desde os primeiros, lá na década de 1980, quando comecei a me interessar por crônicas e decidi que eu também iria escrever sobre o cotidiano, além de ser jornalista, se um dia tivesse a oportunidade. Pois não é que estamos as duas, agora, escrevendo para o mesmo jornal? São as tais "voltas que o mundo dá".
Todos nós gostamos de ler autores com os quais nos identificamos, de alguma maneira. Eu gosto da Martha porque muitas situações que ela descreve parece que aconteceram comigo. E poderiam muito bem ter acontecido com qualquer um de nós, já que são temas baseados no nosso dia a dia. Ela escreve de uma maneira leve, muitas vezes engraçada, mas sempre ponderada e, me parece, sincera. E a maturidade, claro, só a deixa cada dia melhor.
Peguei aleatoriamente um livro dela na minha estante, para dar uma folheada, antes de escrever este "bilhete de boas vindas". Era o Non-Stop, publicado em 2001. Numa das primeiras crônicas, ela fala que é fã da Marília Gabriela, chamando-a de inteligente, bem informada, bem-humorada e dona de um talento nato para desmascarar, no bom sentido, os seus entrevistados. Senti, na hora em que li o texto, a tal da identificação com o autor. Também sou fã da Marília.
Mudei de página. Agora, ela escreve sobre um filme que acaba de ver no cinema: Tudo sobre minha mãe, do Pedro Almodóvar. Gostei muito deste filme também, e vejo tudo o que o cineasta espanhol faz.
Mais uma virada de página e lá estou eu de novo concordando com a Marta. Veja essa frase: Um homem pode achar o Paulo Zulu bonito, usar cor de rosa e ainda assim ser muito macho, assim como uma mulher pode achar o Paulo Zulu horroroso e nem por isso ser sapatona. Só é louca. Alguém aí não concorda com ela?
A cronista, apesar de passar boa parte de seu tempo escrevendo em um computador, não é das pessoas mais chegadas `as novidades tecnológicas. Ao ler isso, pensei: Oba! Não sou só eu... Nós duas ? e garanto que muita gente mais ? preferimos ler um livro no papel, achamos que os e-books vieram para ficar, têm suas vantagens (a maior delas é o preço), mas nada se compara ao prazer de pegar um livro e sentar numa poltrona confortável para ler. É preciso pegar para gostar. Tocar, sentir o cheiro, folhear.
Temos muitas outras opiniões em comum. Admiramos o Guga, como atleta que foi e como pessoa que continua sendo; curtimos as letras do Caetano Veloso, cada dia mais charmoso; temos pena das mulheres deformadas por botox e cirurgias que tentam deter o tempo, como se isso fosse possível; gostamos de dirigir e nos sentimos livres quando estamos na direção do nossos carros; defendemos o direito do marido ao futebolzinho semanal ou seja lá qual for a atividade que ele queira fazer.
Enquanto isso, saímos com as amigas, vamos ao cinema, mesmo que sozinhas, e gostamos da nossa própria companhia...
Marta está chegando. Veríssimo, outro ídolo desde a minha adolescência, já está aqui há bastante tempo. Eu não poderia querer melhor companhia!