A cadeira de rodas para cães tem chamado atenção e virou até figurinha carimbada em parques da cidade, com pets que fazem seu uso nos passeios. Ainda que não seja mais novidade, há quem questione o que faz com que os animais necessitem de auxílio para se locomover.
Primeiramente, cabe lembrar que não são os números de doenças e acidentes que aumentaram nos últimos anos. Mas o que antes era feito de forma artesanal por um ser humano solidário e prestativo agora ganhou maior escala de produção.
O pioneirismo deu o primeiro passo, e a tecnologia cumpriu seu papel desenvolvendo materiais mais maleáveis para se adaptar aos diferentes formatos de corpos dos cães, garantindo leveza, portabilidade ao tutor e maior conforto ao pet usuário. Sendo assim, o que antes era intransponível — "seu pet não vai mais andar" —, agora oferece uma nova chance para tutores e pets seguirem mais tempo juntos (e com qualidade de vida).
A situação também ganhou o interesse da indústria pet em função do tempo de sobrevida que os cães têm no século XXI. Hoje já é bem mais comum encontrar por aí cachorros de pequeno porte chegando aos 16, 17 anos, o que justifica o incremento da cadeira de rodas, que pode ser adquirida até mesmo pela internet.
Bem é verdade que o atropelamento segue sendo o campeão na lista de causas de óbitos caninos, mas aqueles que tiveram sequelas irreversíveis no aparelho locomotor já podem ir para casa fazendo uso do acessório.
Quando a cadeira de rodas pode ser utilizada
Mas não são apenas acidentes que comprometem a locomoção dos animais. Cães de porte físico mais alongado, como os da raça dachshund, tendem a ter problemas de coluna com o avanço da idade e, por conta disso, os animais param de caminhar.
Atrofias de alguns músculos, sequelas de cinomose, patologias envolvendo as articulações e fraturas complexas de quadril também podem contar com o auxílio desse recurso, assim como luxação de patela e até amputações.
Algumas cadeiras ainda são adaptadas para cães com incontinência urinária, o que facilita a higienização se a fralda não se mostrar eficiente nos passeios.
Há casos em que as cadeiras são feitas sob medida, pois lidamos com diferentes tamanhos e membros envolvidos.
Qualidade de vida
O que estimula os tutores a investir no uso da cadeira de rodas em seus pets é que existem cachorros que literalmente esquecem que são cadeirantes. Os animais mais jovens até correm atrás de bolinha quando arremessada pelo tutor. A adaptação se mostrou tão satisfatória que incentivou outras pessoas a tirarem seus pets com locomoção limitada de cima das cobertas para ganhar um passeio no parque.
De arquétipo mental menos complexo do que os humanos, os cães costumam se adaptar com facilidade, uma vez que não estão nem aí de que forma ganham as gramas dos parques, desde que cheguem lá. De que jeito ele tem acesso a essa alegria, em boa parte dos casos, é um mero detalhe.
Cães socializam e se sentem seguros vivendo ao lado daqueles com quem estabelecem laços de saudável convívio. Para eles, o que vale é estar vivo e usufruir da existência ao lado de um tutor dedicado que priorizou a qualidade de vida de seu pet — agora cadeirante.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.