O doce está compondo a decoração nos supermercados e a criançada não deixa passar a data em branco. Nos dias que antecedem a Páscoa, o vilão da intoxicação alimentar em cães, o chocolate, está não apenas na boca, mas nos dedos da meninada que não vacila em dar um petisco ao seu melhor amigo, gentileza que pode levá-lo ao hospital.
As substâncias que podem deixar os mascotes seriamente doentes são as metilxantinas (teobromina e cafeína). A teobromina, que é encontrada no chocolate em quantidade bem superior a cafeína, é a mais perigosa para os cães, e sua quantidade é mais elevada no tipo amargo. Embora a cafeína seja encontrada de três a quatro vezes em menor quantidade no chocolate se comparada à teobromina, também contribui para o quadro de intoxicação. De rápida absorção, estas substâncias, ao caírem na corrente sanguínea, atingem o sistema nervoso central e ocasionam excitação.
As manifestações clínicas – diarreia, vômito, tremores e respiração acelerada – surgem de seis a 12 horas após a ingestão e podem persistir por dias. Pode ocorrer hemorragia intestinal e, em casos mais severos, convulsão e até coma. De acordo com a doutoranda em nutrição de cães e gatos da UFRGS, Geruza Silveira Machado, a dose tóxica varia de acordo com o porte físico e a sensibilidade do animal, mas sabe-se que a teobromina pode permanecer no organismo por cerca de seis dias após sua ingestão. Por isso, a quantidade tóxica não precisa ser ingerida toda de uma única vez. Ou seja: só aquele pouquinho que os filhos deram ao pet, somados, fazem mal sim.
Cabe salientar: uma barrinha de 120g fornecida em uma única vez pode ser fatal para um cãozinho de dois quilos. Para um animal de porte médio, esta dose não é fatal, mas pode levar a manifestações gastrointestinais e até neurológicas. Um Cocker Spaniel de 15 quilos pode ficar seriamente doente se ingerir 300g de chocolate amargo.
Dizer para os filhos não fornecerem chocolate pode não ser eficaz. O jeito é esconder os restos que sobrarem da comilança e deixar bem longe do alcance de filhos e cães. Cuidado na hora de esconder o ninho! Ele pode ser encontrado durante a noite por um pet atraído pelo cheiro das guloseimas, o que não é raro de acontecer. Se pela manhã o focinho de seu cachorro estiver marrom de chocolate, não vacile em procurar uma clínica veterinária para que seu mascote seja monitorado por profissionais.