O Victoria's Secret Fashion Show retorna nesta terça-feira (15), em Nova York, nos Estados Unidos, após um hiato de seis anos. De lá para cá, a famosa marca de lingerie e cosméticos afirma estar passando por uma transformação, procurando redefinir a própria identidade e a do evento.
Desde 1995, o tradicional desfile conquistou milhões de espectadores pelo mundo por conta da união entre moda, performances artísticas e a presença das modelos, apelidadas de angels. Contudo, nos últimos anos, a Victoria's Secret passou a enfrentar uma queda na procura e uma série de repercussões negativas pela falta de inclusão e diversidade, principalmente devido às acusações de objetificação de corpos femininos e da perpetuação de estereótipos de beleza.
Em 2018, declarações feitas pelo ex-diretor de marketing da companhia, Ed Razek, sobre mulheres trans e plus size ampliaram as críticas. Ele foi um dos responsáveis pela criação do fashion show e do conceito das angels. Razek disse à Vogue que achava que modelos transgênero não deveriam fazer parte dos desfiles da marca e afirmou que não havia interesse na participação de pessoas com outros tipos de corpos. No ano seguinte, ele pediu demissão do cargo.
O anúncio da volta do desfile anual da Victoria's Secret, feito pelas redes sociais da grife, pegou muitos de surpresa, levantando questionamentos sobre o que a organização tem feito para redefinir a sua imagem.
Novidades no casting
Em agosto de 2023, a Victoria's Secret publicou um novo conjunto de valores em seu site, intitulado "Nós representamos todas as mulheres". Assim, a marca declarou: "Deixamos de promover uma visão excludente do que é sexy e passamos a celebrar todas as mulheres em todas as fases de suas vidas".
Nesse meio tempo, a empresa passou a contratar novas modelos para o casting, incluindo a jogadora de futebol Megan Rapinoe, membro da comunidade LGBT+, e a primeira modelo transgênero da companhia, Valentina Sampaio. Além delas, a esquiadora Eileen Gu, de ascendência chinesa, a ativista e modelo plus size Paloma Elsesser, e Priyanka Chopra Jonas, atriz indiana de 42 anos.
Mudanças nos produtos
A Victoria's Secret passou por mudanças no portifólio e na estratégia de negócios. Nas lojas, ao longo dos últimos anos, peças de tamanhos maiores passaram a ser vendidas, assim como de gênero neutro e uma linha de roupas adaptáveis para consumidores com deficiência física.
Campanhas publicitárias também procuraram incluir maior diversidade, com a presença das novas modelos.
Versão pluralizada
Para tentar reconquistar o público, em setembro de 2023, a organização tentou uma nova versão do tradicional evento com um filme que misturava desfile com documentário, o Victoria's Secret: The Tour '23, disponível no Amazon Prime Video.
O longa destacou quatro coleções de designers independentes oriundos de Lagos, na Nigéria, Bogotá, na Colômbia, Londres, na Inglaterra, e de Tóquio, no Japão. Modelos clássicas, como Naomi Campbell e Adriana Lima, desfilaram ao lado de um elenco diversificado, incluindo a modelo sul-sudanesa-australiana Adut Akech, a canadense Winnie Harlow, porta-voz da conscientização sobre vitiligo, a modelo indígena Quannah Chasinghorse, entre outras. No entanto, a produção não fez grande sucesso.
O que esperar do Victoria's Secret Fashion Show
Para o evento desta terça-feira, a grife promete trazer nomes conhecidos dos antigos desfiles, entre os quais estão Candice Swanepoel, Tyra Banks, Gigi Hadid, Jasmine Tookes, Behati Prinsloo, Taylor Hill e Barbara Palvin, assim como novas modelos. A lista inclui ainda a tenista japonesa Naomi Osaka, a modelo plus size Ali Tate-Cutler, a modelo holandesa, de ascendência marroquina e egípcia, Imaan Hammam, e a nigeriana Mayowa Nicholas.
As performances artísticas ficarão sob responsabilidade de Cher, Lisa, do grupo Blackpink, e Tyla.
Transmissão
O Victoria's Secret Fashion Show será transmitido ao vivo pelo Prime Video e pelo YouTube, TikTok e Instagram, a partir das 20h (horário de Brasília).