A moda está, de fato, preparada para representar e vestir pessoas diversas? Neste editorial, assinado pelo grupo Somos.Mag (Somos Moda Autoral Gaúcha), cinco mulheres com histórias de vida inspiradoras mostram a versatilidade da moda feita no Estado, que conta com marcas cheias de propósito.
A seguir, conheça mais sobre cada uma delas:
Mônica Santos: “Minha superação foi através do esporte”
Aos 18 anos, grávida, Mônica Santos descobriu um angioma medular após sentir uma fraqueza inexplicável nas pernas. Apesar de ser aconselhada pelos médicos a interromper a gestação para evitar que a lesão pressionasse ainda mais a medula, o que poderia causar até tetraplegia, a gaúcha assumiu o risco e deu à luz sua filha, Paolla. Depois, fez a cirurgia para a retirada do angioma e perdeu o movimento das pernas, mas realizou o sonho da maternidade.
Cadeirante desde 2002, Mônica descobriu a paixão por armas brancas e seguiu o caminho como profissional na esgrima. Foi convocada para a seleção brasileira permanente e firmou-se como principal atleta feminina do país. Hoje, com 38 anos, conta com mais de 30 medalhas como atleta de esgrima em cadeira de rodas, e representará o Brasil nas Paraolimpíadas de Tóquio este ano.
Josiane França: “Minha vida é colorida mesmo estando no escuro"
Aos 30 anos e no oitavo mês de gestação, Josiane França foi diagnosticada com meningite e, em seguida, submetida a uma cesariana. O filho, Rodrigo, apesar de prematuro, nasceu saudável. Ela, entretanto, precisou ficar mais cinco meses no hospital. Nesse meio tempo, chegou a entrar em coma induzido. Quando acordou, estava cega. Dois anos depois, o relacionamento com o pai do seu filho acabou - e foi o pequeno que a deu forças para seguir em frente. Aos 43 anos, é modelo, miss e ativista sociopolítica.
"Não enxergo, mas 'vejo' muito mais do que antes", resume ela.
Dani Reis: “Sempre fui plural”
Dani Reis, 34 anos, é atriz, escritora, empreendedora, professora e designer. Em 2010, ganhou um edital e publicou seu primeiro livro, Sob o Olhar da Fênix (2010), e também realizou o sonho de cursar o Ensino Superior. Mas não parou por aí: ela acredita que a moda é uma instância social e, por isso, criou a própria marca de acessórios em 2018, a Preta Cor.
"Sempre fui uma pessoa plural e nunca permiti que os nãos me fizessem desistir", resume.
Luísa Casagranda: “A coragem de ser quem se é"
Filha de agricultores, Luísa Casagranda, de 23 anos, passou a infância e a adolescência no interior do Estado, no município de Anta Gorda. Nesta época, sentia falta de referências - e o bullying no colégio por não "performar uma masculinidade que lhe era cobrada" também não ajudava. Foi só aos 19 anos, quando já morava em Porto Alegre há dois anos, que começou seu processo de identificação como uma mulher trans. Na Capital, estudou Gastronomia, mas percebeu que seu futuro profissional estava mesmo na moda. Hoje, na sua segunda graduação, agora como Designer de Moda, diz que tudo o que passou a fortaleceu.
"Seguirei lutando contra a transfobia e o preconceito para não fazer parte das estatísticas de mortalidade trans", afirma.
Ângela Aita, 66: "Idade é oportunidade para ressignificar vivências"
Ângela Aita, de 66 anos, rechaça os estereótipos em que a sociedade costuma enquadrar as mulheres maduras.
"A idade, ou outra diversidade que na vida se apresenta, se faz a mais bela oportunidade de ressignificar nossa 'nova' vivência", reflete.
Atriz, ainda afirma "amar e respirar" a arte.
Ficha técnica
- Conceito: Madeleine Muller e Dani Reis
- Fotos: César Kielling
- Making off: Cassiano Pellenz
- Styling e produção de moda: Madeleine Müller e Débora Germann
- Direção de arte: Bia Job e Débora Germann
- Cabelos: Cassiano Pellenz
- Beleza: Betina Pan
- Modelos: Angela Aita, Dani Reis , Josiane França , Luisa Casagranda , Mônica Santos
- Looks: 2B Comfy Wear, Auria, Bendi, Chiringuitas Ibiza, Contextura, Cylene Dallegrave, Dona Rufina, Ipadma, Insecta Shoes, Lady Clo, PretaCor Biju, Quemmedebora, Um pra Um, West Coast.
- Locação: Nau Live Spaces
- Apoio: PROPEK