Por Cacá Camargo, consultora de moda sustentável
Maior evento de moda sustentável do país, o Brasil Eco Fashion Week rolou entre os dias 16 e 18, no Unibes Cultural, em São Paulo. O encontro propõe-se a fortalecer a cultura de sustentabilidade na moda e dar visibilidade a quem faz diferente.
A programação deste ano estava robusta: 19 desfiles, 24 painéis, 15 mesas de discussão, 13 talks e workshops, além de oficinas e bate-papos em outros espaços. Tive o prazer de mediar o painel "Pode a moda ser um mercado e um movimento ativista?", que contou com a participação da Larissa Kuroki (Instituto Akatu), Naná Oliveira (estilista e ex-coordenadora do MTST - Sergipe) e a empreendedora gaúcha Lívia Duda (Envido). No papo, foi discutida a necessidade de uma transição da moda convencional para sustentável, compreendendo que o ativismo é fundamental nesse processo."
Marcas gaúchas são destaque na BEFW
Das 50 marcas presentes no "Mercado Eco”, 14 eram gaúchas: Apoena Bolsas, Aurora, Brisa Slow Fashion, Céu Handmade, Contextura, Design Côté, Dona Rufina, Envido, Herself, Insecta Shoes, Nuz Demi Couture, RGloor e Rico Bracco. Acredito que a presença significativa de grifes do Estado demonstra o potencial da moda autoral e sustentável do RS e a necessidade de políticas públicas estaduais que apoiem essas iniciativas.
Além de participar do showroom, as marcas Contextura, Nuz Demi Couture e RGloor + Dona Rufina desfilaram nesta edição e nos brindaram com texturas incríveis, moda transformável e luxo sustentável.
As gaúchas Adriana Tubino e Itiana Pasetti (Revoada), Carina Sehn, Madeleine Muller, Marina Giongo (Banco de Tecidos), entre outras pesquisadoras do Ecossistema de Moda Sustentável, além do estilista Rafael Korbes, também estavam na BEFW participando de atividades paralelas.
Outros destaques da programação
O Espaço Amazônia foi um dos pontos altos da programação, e a participação da Marina Silva (professora e ambientalista) e de Christiane Torloni (atriz e ambientalista) também contribuiu para o debate sobre a preservação da floresta e da vida humana. Os painéis que pautaram a diversidade de corpos na moda inclusiva e a presença de mulheres indígenas, como a Mawapey Huni Kuin, Siriani Huni Kuin (Mothers of the Forests) e a cantora e estilista We'e'ena Tikuna trouxeram um diferencial para o evento.
Vale a pena conferir o desfile-manifesto da multimarcas Bemglô, o redesign têxtil do designer Ronaldo Silvestre, o beachwear sustentável da Satya Beachwear e o design autoral e minimalista de Helena Pontes.
Na terceira edição, o BEFW consolida-se como um espaço de moda além da roupa ao promover debates importantes sobre sustentabilidade, inclusão e diversidade.