Nesta semana, uma foto compartilhada por Kelly Key no Instagram dividiu opiniões. No clique, a cantora aparece tomando banho com o filho caçula, o pequeno Arthur, de três anos – além do pet da família, Baboo. Nos comentários, alguns seguidores desaprovaram a atitude de mãe, por "ficar sem roupas" na frente do menino - a artista, inclusive, respondeu a uma das críticas:
"Ela parece ser muito limitada (sobre a seguidora que comentou). Por isso, não viu a cena com naturalidade. E você sabe que essas pessoas sempre me assustaram muito? O que se passa na cabeça delas para ver essa cena com maldade?", questionou Kelly.
Rapidamente, outros seguidores passaram a rebater os comentários negativos - e ganhou força um debate sobre o tema nas redes sociais. Para a psicanalista Renata Aspar Lima, mães e filhos tomarem banho juntos é uma decisão de cada círculo familiar e pode variar conforme a cultura da casa. O que os adultos precisam ter em mente é a necessidade dos pequenos distinguirem o que é privado e o que é público. Coordenadora do Comitê de Psicanálise de Crianças da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, Renata acredita que tornar a prática uma rotina pode não ser o melhor caminho:
– A melhor resposta é pensar que, depois de uma certa idade, a nudez dos pais pode causar algumas questões de desconforto e perguntas. A partir dos três anos, a criança percebe as diferenças sexuais entre meninos e meninas, naturalmente e sem nenhuma malícia, tanto que elas não têm vergonha de fazer perguntas. Vai ficar difícil os pais ficarem nus, porque vai haver perguntas, e isso pode incomodar. Acho que a ressalva é se isso se tornar rotineiro. É melhor para a organização psíquica da criança ser evitado.
Compartilhamos a questão com nossas leitoras no Grupo de Mães Donna no Facebook: afinal, está tudo bem tomar banho com o filho? Selecionamos algumas das respostas, que você confere abaixo:
"Tratem a nudez com mais naturalidade e terão crianças mais felizes, com mais amor próprio e sem neuras com o próprio corpo".
Fernanda Graeff, 40 anos, mãe da Filipa, de quatro anos, e da Eduarda, de um ano e oito meses. Mora em Londres.
"Minha filha mais velha já é mais independente e toma banho tranquila sozinha, mas para o menino damos um auxílio. Quando menores, já demos centenas de banho juntos conosco. Não vejo problema algum, a maldade e a malícia estão na cabeça dos adultos, de quem quer fazer alvoroço. Se tratarmos como algo natural, é tão mais simples em todos os sentidos."
Franciele Moraes, 32 anos, mãe da Isadora, de oito, e do Rafael, seis. Mora em Porto Alegre.
"Aqui em casa, o filhote sempre tomou banho comigo ou com o pai. Super natural. Nunca ficou mexendo nas nossas partes íntimas. Quando faz alguma pergunta sobre as diferenças, explicamos naturalmente e segue o banho. Sem neura."
Talita Amaral, 40 anos, mãe do Pietro, de cinco. Mora em Porto Alegre.
"Não vejo nenhum problema. Aqui temos um casal de filhos e, eventualmente, o pai ou eu entramos no banho junto com eles. Quando eram menores isso era muito frequente, e agora já se viram melhor e precisam de pouca ajuda... Aliás, os dois adoram tomar banho juntos! A gente só evita por causa da bagunça e da demora no chuveiro (risos). É natural. Me visto na frente deles diariamente, tomamos banho de porta aberta. Muito mimimi!"
Tessa Guimarães, 39 anos, mãe do Bento, sete, e da Anita, de cinco. Mora em Porto Alegre.
"Sou mãe de dois meninos. Nossa criação é livre e sem tabus, conversamos sobre a realidade dos fatos (partes íntimas, nascimento do bebê, morte e por aí vai). Sempre que a curiosidade aparece, falamos sobre a realidade, sem fantasiar. Obviamente, levando em consideração a idade e a capacidade de entendimento. Nisso, o banho se torna algo tão natural, um momento entre mãe e filhos, e meu marido também toma banho com eles. Nesse momento, ensinamos o respeito, o cuidado e as diferenças. Que cada um tem suas partes íntimas, meninos e meninas, e que ninguém deve encostar sem permissão. Sobre os cuidados de higiene. E também é um momento de brincadeiras no chuveiro."
Gabriela Niederauer, 29 anos, mãe do Miguel, de cinco anos, e do Samuel, 11 meses. Mora em Porto Alegre.
"Aqui em casa também não vemos nenhum problema nisso. Volta e meia tomamos banho juntos. E acho que isso é normal e até saudável. A criança entende que somos diferentes. E somos. E que bom que ela saiba disso. Nunca vou esquecer de uma vez, minha filha devia ter uns três anos. Na saída do banho, ela comentou: 'Não é, mamãe, que a gente é menina e o papai é menino?'. Rapidamente, comecei a pensar em como explicar isso pra uma criança tão pequena. E na intenção de ganhar mais tempo, devolvi a pergunta: 'É, filha? Por quê?'. E ela respondeu: 'Porque a gente usa touca (de banho) e o papai, não'. Assunto acabado! Com toda a simplicidade e naturalidade de uma criança daquela idade."
Jaqueline Palma Camara, 40 anos, mãe da Isadora, de oito anos. Mora em Porto Alegre.
"Complicam com tudo! A maldade está na cabeça das pessoas, geralmente nas que sofreram algum tipo de repressão. Meu filho fez 10 anos e até hoje agimos sempre naturalmente em relação a isso. Não sei como será a partir de agora, já que vejo sinais de que está ficando bem pré-adolescente... Vamos ver!".
Fernanda Sequeira 40 anos, mãe do Davi, 10 anos.
"Em nossa casa é normal. O caçula toma banho com a gente, e o mais velho já não toma banho com ninguém. Ele já evita entrar no banheiro quando estou tomando banho ou trocando de roupa, fica envergonhado, então respeitamos a escolha dele. São fases diferentes."
Larisse Fernandes, 32 anos, mãe do Henrique, de oito, e do Murilo, de três. Mora em Caxias do Sul.