A obesidade infantil é uma realidade na vida de muitas famílias brasileiras. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 11,3 milhões de crianças no Brasil sofrerão com excesso de peso até 2025.
Para a nutricionista e coach de emagrecimento Gladia Bernard, hoje está cada vez mais desafiador conseguir regrar a alimentação dos filhos, e até mesmo a dos adultos.
– As crianças muitas vezes são atraídas pelo emocional, e não pela fome – observa Gladia.
Para ajudar os pais nessa tarefa, a especialista lista os cinco maiores erros em relação à alimentação infantil:
Levar as crianças ao supermercado
Muitos dos produtos destinados ao público infantil têm embalagens que seduzem a criança.
– Infelizmente, é quase impossível competir com o marketing. Por isso, além de ser necessário promover uma mudança no comportamento dos pais, já que o adulto é o responsável pelas escolhas alimentares das crianças, é preciso que evitar ao máximo incentivar os pequenos a fazerem escolhas emocionais na hora de comer. Ou seja, não expor a criança a estímulos desse gênero – explica.
Uma atitude simples é evitar levar a criança junto para fazer compras no supermercado.
– Além de economizar tempo e dinheiro, você conseguirá direcionar suas escolhas para os alimentos de verdade – diz.
Deixar o filho muito tempo em frente à TV
Criança precisa brincar, fazer atividades físicas e gastar muita energia. Mantê-las ativas impede que caiam na rotina e fiquem muito tempo ociosas em frente à TV, além de incentivar a prática esportiva desde cedo, o que também contribui para uma saúde melhor.
– A propaganda na TV é a maior ativadora do sistema límbico, que é o responsável pelas nossas emoções. Assim, na hora da compra, o consumidor acredita que adquiriu aquele alimento pela razão, mas na verdade foi uma compra pela emoção. Dizer que comprou pela razão é uma forma de justificar o consumo.
Manter hábitos alimentares inadequados
A criança não tem discernimento para escolher o seu próprio alimento, e é a escolha do adulto que formará o seu paladar e seus hábitos. Portanto, saber escolher o que comer impacta diretamente na saúde de toda a família. Seja exemplo para seu filho.
– A criança se espelha no que o adulto faz, inclusive no gosto alimentar. Se ela observar o adulto optando por verduras, legumes e frutas, também vai querer ingerir esses alimentos. Agora, se presenciar os pais tomando refrigerante, comendo doces, frituras e outros alimentos pouco saudáveis, certamente irá reproduzir esse comportamento. Por isso, é importante dar o exemplo – frisa.
Segundo a especialista, se você quer que seu filho tenha uma alimentação saudável, a mudança deve começar por você.
– É uma mudança de hábito radical? Talvez, mas, se feita de maneira consciente, mudando o seu modo de pensar e de enxergar seu próprio passado, vai se tornar fácil, e os resultados aparecerão em você e na sua família – diz a coach.
Consumir produtos industrializados em excesso
As crianças são suscetíveis a aceitar tudo o que a mãe oferece. Tenha cuidado na hora de apresentar a ele alimentos como sorvete, doces e salgadinhos industrializados.
– Essas guloseimas geram uma liberação excessiva de serotonina, e, com isso, sem perceber, a criança pode tornar-se dependente do açúcar e da gordura – alerta.
Isso sem falar da tentação da praticidade. Um suco de caixinha pronto é mais fácil de consumir do que preparar a bebida com as frutas.
– Quando a criança se acostuma a essa alimentação e toma um refrigerante, ou come qualquer coisa ultraprocessada, essa bomba calórica sobe para o cérebro, que marca quais os alimentos que proporcionam mais prazer e mais calorias, e começa a mandar estímulos para a criança: esqueça o leite, suco de caixinha é mais legal! Esqueça o suco, refrigerante é mais legal! E por aí vai –acrescenta.
Exagerar em frutas e alimentos naturais com açúcar
Tenha em mente que as frutas contêm frutose, que vira açúcar dentro do organismo.
– As frutas com maior índice de frutose são melancia, banana, manga, melão, mamão e pera. Se gostar muito de frutas, dê preferência ao morango, kiwi, abacaxi, abacate – ensina a especialista.
Há ainda o açúcar do leite (a lactose), e das raízes e farináceos, como mandioca, batata, arroz, farinha de milho, de mandioca e féculas. Os vegetais também têm açúcar, e as maiores taxas estão na cenoura, beterraba e tomate.
As leguminosas e oleaginosas com menos açúcar são feijão, lentilha, ervilha, castanha, nozes, avelã e amendoim. Carnes, aves, peixes e ovos não têm açúcar.