"Já pensou se a gente pudesse assistir agora a toda nossa infância, os primeiros beijos atrapalhados da adolescência, os vestidos bufantes das festas de 15 anos, as noites viradas nas casas das amigas conversando até amanhecer, rever o menino mais bonito da escola vestido de mulher na gincana de 1993? Não estou falando de fitas VHS toscas nem de ajustar o tracking do videocassete, mas sim de filmes em HD, editados com legendas, artes espertas e muitos emoticons. Em menos de dez anos nossos filhos vão ter acesso a uma infinidade tão grande de imagens suas e de seus amigos que poderão fazer longas metragens e até mesmo séries sobre suas vidas. Mas e se, no meio do caminho, alguém filmar uma filha sua em algum momento mais íntimo e isso for compartilhado em grupos da escola, grupos de pornografia de pedófilos, abusadores, do seu próprio marido e de pré-adolescentes que não ainda aprenderam o que é um espermatozoide? Perco horas pensando em como falar em tom não professoral com as crianças de dez anos ou mais. Não quero parecer uma inspetora de colégio de freiras quando explico que consentimento é a palavra de ouro."
Maternidade
Brincadeira virtual, perigo real: vamos falar sobre exposição das crianças na internet?
Vanessa Martini
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