Impossível imaginarmos nossa vida sem a música. Cada momento pode ser embalado por uma trilha sonora. Seja para comemorar uma promoção no trabalho, curtir uma noite a dois, relaxar de um dia exaustivo ou curar uma fossa. Vários estudos confirmam a importância que a música proporciona para o bem estar do ser humano – e isso vem desde a barriga de nossa mãe. O feto reconhece a voz da pessoa que está cantando desde a gestação, fazendo da música uma forte aliada na hora de acalmar o bebê.
Crianças que têm contato frequente com estímulos musicais desenvolvem habilidades auditivas, motoras, cognitivas, sociais, de atenção, auto-estima, memória e raciocínio lógico.
– A música é um excelente vetor para a socialização da criança. Isso é notado principalmente quando ela vai para a escola. O momento da música é um momento de descontração, onde todos cantam, batem palmas e a partir de uma certa idade, estimulam o coleguinha que às vezes está distraído a participar, tal o entusiasmo. A criança tímida se solta aos poucos de maneira gradativa. Passa a gostar de cantar, de mostrar suas novas criações e isso ajuda de forma muito positiva na elevação da auto-estima – explica Elisa Maders, professora de música da escola Descobrindo o Mundo, de Porto Alegre.
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Os benefícios da música no período pré-escolar são inúmeros. A criança que canta tem a capacidade de memorização estimulada, pois para aprender uma canção exercita a memória e a repetição. Isso facilita em todos os sentidos, especialmente na hora de aprender a ler onde é necessário a memorização e repetição das letras e palavras.
Se o cérebro já está acostumado com esse exercício, fica mais fácil. Isso se aplica também ao aprendizado de outras disciplinas, como a matemática, por exemplo.
A música ajuda ainda na coordenação, pois para tocar um instrumento é preciso ter habilidades motoras finas. A maioria dos instrumentos exigem o uso de ambas as mãos – e instrumentos de percussão, como pianos e tambores – exigem mãos e pés.
Segundo a professora Elisa, o contato com a música pode vir de diversas formas: brincando, ouvindo boas canções, tendo contato com instrumentos musicais variados ou apenas cantando e soltando a voz. Mas, será apenas a partir dos 8, 9 anos de idade que a criança vai ter realmente noção de que ela gosta de um determinado instrumento e que gostaria de se dedicar a ele em aulas de musicalização.
– Na minha opinião, a criança deve ser estimulada a brincar com instrumentos. Ela mesma irá escolher seus preferidos. Porém, uma criança não tem a capacidade de entender que quer aprender a tocar um instrumento, principalmente porque ela não tem a verdadeira noção do que seja uma aula de musicalização. Por mais lúdica que seja a forma de ensinar, aprender a tocar qualquer instrumento requer algumas horas de estudo para que a criança realmente aprenda – completa.
Se os pais tocam algum instrumento é importante deixá-los acompanhar. Toque com seu filho e, principalmente, já que sabe tocar, ensine brincando e perceba o limite dele. Nada melhor do que começar em casa. Se a criança gostar, o pai saberá a hora certa de colocar o filho em uma aula particular após conhecer o seu "tempo" de concentração para tal aprendizado. Brinque com seu filho e os instrumentos, afinal, em tempos que todos temos muitos compromissos e pouco tempo para os filhos, qual criança não irá adorar essa brincadeira e esse valioso encontro pai e filho? Sem contar que criança que canta é criança feliz.
– Penso que as crianças têm um tempo muito curto para o aprendizado de músicas infantis. Normalmente, o período em que frequentam a Educação Infantil. Portanto, se temos essa oportunidade, por que não aproveitarmos para ensinar músicas educativas? Certamente quando jovens, eles não cantarão mais tais músicas. Mas elas não ficarão perdidas em sua memória. Quando tiverem seus filhos, serão essas as músicas escolhidas para compartilharem com sua nova família – finaliza a professora.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.