Quem é mãe, sabe. Muito se fala sobre o processo da amamentação, porém o seu término ainda é motivo de muitas dúvidas para as mamães. O desmame (término da amamentação) deve ser encarado como um processo, lento e gradual, onde o bebê vai mostrando sinais de que está pronto para desmamar. O ideal é que aconteça naturalmente, onde a criança se auto-desmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre dois e quatro anos.
A mãe pode iniciar o processo de desmame gradualmente quando a criança mostrar esses sinais, desde que seja um desejo da mãe, sem ser forçada por outras pessoas. O desmame abrupto é desencorajado, pois se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e muitas vezes rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais. Muitas vezes a mulher se depara com a situação de querer ou ter que desmamar antes de a criança estar pronta. Nesses casos, o profissional de saúde, deve respeitar o desejo da mãe e ajudá‐la nesse processo.
Mais dicas da Vanessa?
A criança começa a dar sinais que não quer mais o peito?
Quando a criança mostrar sinais que não quer mais mamar, esse é o momento ideal para respeitar a fase de desenvolvimento que a criança se encontra. A mãe pode então iniciar o processo do desmame, sempre respeitando a vontade da criança em relação à amamentação. Os sinais indicativos de que a criança pode estar pronta para o desmame são:
- Idade maior que um ano;
- Menos interesse nas mamadas;
- Aceita variedade de outros alimentos;
- É segura na sua relação com a mãe;
- Aceita outras formas de consolo;
- Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais;
- Às vezes dorme sem mamar no peito;
- Mostra pouca ansiedade quando encorajada a não amamentar;
- Prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe ao invés de mamar.
Devo passar para a mamadeira direto ou gradativamente?
A partir dos seis meses o bebê já tem capacidade de tomar líquidos em copos. Portando, a mãe deve oferecer os líquidos em copos, evitando sempre o uso da mamadeira, pois sabe-se que o uso de bicos artificiais podem causar desmame precoce, problemas dentários, respiratórios, de sono, de fala, entre outros. Quando o bebê menor de seis meses, por algum motivo, não pode receber a amamentação materna, o uso da mamadeira torna-se necessário para alimentá-lo.
E se o bebê deixar de mamar mas meus peitos continuarem cheios e doloridos?
Nessa situação a mãe deve ordenhar um pouco o excesso de leite, apenas para aliviar a dor e evitar o ingurgitamento mamário (mamas empedradas). Aos poucos a produção de leite vai reduzindo, pois as glândulas param de produzir leite sem o bebê sugando. Além disso, a nutriz deve usar um sutiã bem firme e não deve fazer massagens ou compressas quentes nas mamas, pois isso estimula a produção de leite. A mãe pode também conversar com a ginecologista sobre a possibilidade de utilizar medicamento para cessar a produção de leite com mais rapidez. Mas essa é sempre a segunda opção, pois pode acontecer do bebê voltar a mamar, nos casos de greve de amamentação do bebê (ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que 2 a 4 dias.
Muitas mães insistem na amamentação com medo de perder o "elo" com o filho. Como proceder nesses casos? A amamentação é uma das inúmeras formas de vínculo com o filho. Existem várias outras formas de manter o vínculo com a criança, seja através de brincadeiras ou mesmo de oferecer outros alimentos. Caso o bebê esteja pronto para o desmame, e a mãe esteja sofrendo muito com esse processo, pode-se procurar apoio psicológico para superar essa fase.
Devo mudar a rotina do bebê? Como deixar de estar em locais que ele associe a amamentação?
Se o desmame acontece naturalmente, não existe a necessidade de mudar a rotina da criança, pois ela vai estar segura durante o processo. Caso o desmame seja por iniciativa da mãe, a técnica utilizada para fazer a criança desmamar varia de acordo com a idade da mesma. Sempre que possível, deve-se realizar o desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1 ou 2 semanas. Se a criança for maior, o desmame pode ser planejado com ela. Pode‐se propor uma data, oferecer uma recompensa.
A mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando. Pode também encurtar as mamadas e adiá‐las. Mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos, entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai no processo, sempre que possível, é importante. A mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar, por exemplo, não sentar na poltrona em que costuma amamentar.
Fonte: Rosane Baldissera. Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica e Aleitamento Materno, Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFRGS, Consultora Internacional em Amamentação certificada pelo International Board Lactation Consultant Examiners, Membro da International Lactation Consultant Association.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.