Desde que me tornei mãe tenho vivido intensamente esse mundo. Natural! Afinal, mergulhei 100% nessa condição. Tenho um blog, escrevo aqui quinzenalmente sobre esse turbilhão de sentimentos chamado maternidade e convivo todos os dias, o tempo todo, com outras mães.
Mas há alguns dias algo diferente aconteceu. Um amigo apareceu aqui em casa com um livro embaixo do braço.
— Você deveria ler esse livro e mostrar lá no seu blog — me disse ele.
— Ele fala da paternidade de um jeito leve e certeiro — completou.
Mais dicas da Vanessa?
Era o livro O Papai é Pop, do amigo (e comunicador da rádio Atlântida) Marcos Piangers.
— Paternidade? — pensei eu.
Claro que eu já havia ouvido falar no livro do Piangers, afinal acompanho o trabalho dele e gosto muito da forma como ele escreve. O que eu nunca tinha me dado conta, e precisei ver a felicidade nos olhos do meu amigo pra perceber, é de como nós mães acabamos nos isolando em nosso mundinho materno e muitas vezes esquecemos de olhar para o lado, para nossos companheiros - os pais.
Assim como nós mães, os pais não nascem pais. Eles vão aprendendo ao longo do processo. A notícia boa é que hoje eles querem aprender. Claro que ainda temos um caminho grande pela frente, mas o pai de hoje quer participar ativamente da vida dos filhos.
Diferente de outros tempos em que o homem só se sentia realmente pai quando o filho nascia, eles já começam a desempenhar o papel desde o momento do positivo, aquele lá no exame. Ajudam a escolher os móveis do quarto do bebê e passam dias pintando e colando aqueles adesivos que a esposa insistiu em comprar.
Hoje eles trocam as fraldas, dão mamadeira, levantam durante a madrugada se o filho chora, dão banho, levam ao pediatra, buscam na escola, acompanham os primeiros passos e sabem, na ponta da língua, todas as músicas da Galinha Pintadinha. E provavelmente fazem tudo isso com uma câmera na mão, para não deixar de registrar um segundo do início da maior aventura de sua vida. Nem de perto lembram aquela ideia que tínhamos do pai convencional, que trazia o salário no fim do mês e não se ocupava em nada da rotina dos filhos.
E essa nova realidade é mostrada no livro. Através das crônicas, Papai é Pop tenta celebrar pais que já são presentes, que já fazem essas coisas. A ideia é uma conversa sobre homens mais presentes em casa e sobre mulheres que possam dividir melhor as funções familiares.
— As histórias de pais e mães são muito parecidas, vivemos as mesmas coisas quando somos presentes. Mas é claro que, infelizmente, existem mais mães presentes do que pais. Isso é triste. É triste pras crianças e triste para os pais, que perdem uma oportunidade de viver o evento mais incrível de uma vida. Sempre quis ser pai, mas ao mesmo tempo, quando a Ana engravidou entendi que o corpo era dela, que a vida dela iria mudar, que profissionalmente seria complicado, que ela seria a principal afetada com essa nova fase. Ela decidiu seguir em frente e eu acredito que, no começo não fui um bom pai. Quer dizer, sempre dei banho e levei pra passear e pra escola, e coloquei pra dormir. Mas também trabalhei demais, e bebi demais, e fui ausente. Aprendi a ser um bom pai com a minha mulher, que é uma mãe e uma esposa incrível. A editora ligou e esse era um grande sonho. Imagina que presente pra elas (se referindo as filhas Anita e Aurora, de 10 e 3 anos respectivamente). Daqui a anos leremos juntos essas histórias e daremos risadas e choraremos juntos. Espero que tudo seja incrível até lá. Depois disso, quero fazer um filme. Deseje-me sorte — contou Piangers.
Também acho que ainda temos um caminho longo pela frente, mas me conforta saber que existe uma chance. Tenho bons exemplos em casa. Assim são meu marido, meu cunhado e o meu amigo que me trouxe o livro. E isso será assim, passado de geração em geração, até que em um dia, a coisa esteja totalmente mudada. Nesta quinta-feira, a partir das 19h, o Piangers estará dividindo suas histórias, e de outros pais, na livraria Cultura do Bourbon Country e autografando seu livro. Eu estarei por lá! Vamos também? Aproveito para desejar um lindo e especial Dia dos Pais pro meu maridão.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.