Apresentadora do Galpão Crioulo na RBS TV e na Rádio Gaúcha, Shana Müller falou pela primeira vez publicamente sobre o diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) do seu filho do meio, Francisco, que completa três anos daqui a alguns dias, na manhã desta quinta-feira (28), em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha. A cantora e comunicadora de 42 anos tem dois outros filhos: Gonçalo, de cinco anos, e Mercedes, de um. Todos são do seu casamento com o cirurgião Juliano Chibiaque.
— Há pouco mais de um ano, meu filho do meio, Francisco, que vai fazer três anos agora no dia 3 de maio, foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA). Resolvi falar publicamente sobre isso depois que a gente passou pelo nosso tempo enquanto família, eu, o Juliano e todos os nosso familiares, de assimilação. Porque é uma notícia delicada, é todo um universo que vamos entender a partir desse diagnóstico, de terapias, de acompanhamento. E de entender mesmo, processar isso enquanto os pais, para então dividir com as pessoas — revelou ela, que também fala sobre maternidade no podcast Tudo sobre mim: a mãe, junto com a jornalista Tatiana Roesler.
Em seguida, Shana explicou que decidiu dividir o diagnóstico publicamente também como um alerta aos pais.
— Quando a gente está grávida, pensa muito sobre o enxoval, o chá de fralda, a lembrancinha da maternidade. Poucas vezes, e eu me lembro de nunca ter ouvido falar sobre isso, pensamos nos marcos de desenvolvimento de uma criança e em questões de saúde bem importantes que devem estar presentes no dia a dia dos pais. Além desse alerta para os pais, de prestar atenção nos seus filhos, (decidi expôr o diagnóstico para) falar para a sociedade que precisamos realmente ser mais inclusivos no dia a dia — completou ela.
Aproveitando o Abril Azul, mês de conscientização sobre o autismo, a apresentadora ainda salientou que fala de um lugar privilegiado.
— Estou hoje aqui para dividir um pouco com as pessoas sobre essa vivência, que não é fácil, não é um dia a dia fácil. Claro, somos uma família privilegiada, com condições financeiras, e isso é muito importante de ser dito — disse ela.
Ainda na entrevista, revelou alguns sintomas que percebeu no filho antes de receber o diagnóstico.
— Ele chegou a falar algumas palavras e parou. Não desenvolveu mais o linguajar. (...) Um atraso de linguagem é algo que os pais devem prestar atenção, devem buscar um especialista. Qualquer terapia só traz benefícios para uma criança. A gente não deve se prender a um diagnóstico ou achar que nosso filho deve ser rotulado por um diagnóstico, mas a gente deve fazer aquilo que é possível para ajudar no desenvolvimento. É o que a gente está fazendo como família — garantiu.
Por fim, falou sobre a "batalha" de tornar o mundo mais inclusivo e diverso para as gerações futuras.
— Aprendemos muito como mães de crianças com deficiências que ninguém veio ao mundo sozinho. Acho que essa é a nossa grande batalha. Tornar o mundo realmente um mundo melhor para essas pessoas que a gente está formando. Eu tenho três crianças, e quero que tanto o Gonçalo quanto a Mercedes entendam que o mundo é da diversidade, que todos nós somos diferentes. É sobre isso que a gente conversa aqui em casa. Devemos respeitar e acolher as pessoas. No momento que tivermos todos eles convivendo de uma maneira que o diferente é o normal, ninguém vai estranhar uma criança que não fala, que não tem um braço ou que não caminha. A diversidade é de fato a normalidade — concluiu.
Ouça a entrevista na íntegra: