Em uma das edições mais marcantes e imprevisíveis dos últimos anos, a gaúcha Julia Gama, de 27 anos, foi coroada Miss Brasil 2020. Em razão da pandemia, as etapas estaduais do concurso não ocorreram como é de costume. Na noite desta quinta (20), a organização do evento, comandada agora pelo empresário gaúcho Winston Ling, divulgou quem seria a eleita em uma cerimônia transmitida pelo YouTube. A nova Miss foi escolhida a partir da avaliação de fotos, vídeos e entrevistas pela comissão técnica e pelos jurados.
Mas o nome de Julia já é conhecido dos fãs de concursos de beleza. No currículo, a gaúcha já ostentava o título de Miss Mundo Brasil 2014, e esteve entre as 10 candidatas finalistas daquele ano. Mesmo que seu reinado tenha tido fim, seguiu atuante em causas sociais como o trabalho em prol da conscientização sobre a hanseníase.
Desde 2014, muita coisa mudou na carreira de Julia. Mudou-se para a China, virou garota-propaganda de marcas asiáticas, realizou o sonho de atuar e mais. Veja algumas curiosidades e saiba mais sobre a história da nova Miss Brasil:
Fala quatro idiomas
Para uma Miss Brasil, se comunicar bem é uma das características fundamentais, como apontaram as misses gaúchas ouvidas por Donna antes do concurso.
Segundo o portal Hugo Gloss, além do português, Julia também é fluente em mandarim, espanhol e inglês.
Espírito competitivo
A paixão pelo esporte fez com que Julia desenvolvesse seu espírito competitivo e sua busca pela excelência, informa a biografia oficial da nova Miss Brasil. Na infância, ela chegou a participar de campeonatos infanto-juvenis de patinação artística. Também praticou outros esportes como vôlei, judô e boxe.
Autoestima nem sempre em alta
Antes de participar de concursos de beleza, Julia nunca havia pensado que poderia ser uma referência na área.
De acordo com sua biografia oficial, ela não usava salto e nem maquiagem. Também morria de vergonha de vestir biquíni.
Estudou Engenharia Química
Quando morava em Porto Alegre, Julia cursou três anos de Engenharia Química na UFRGS. Foi nesta época que começou a pensar sobre entrar em concursos de beleza...
Vida de Miss
A autoimagem da guria começou a ganhar um up quando, em setembro de 2010, incentivada por uma amiga de infância, Julia mandou sua ficha de inscrição para o concurso A Mais Bela Gaúcha.
Em 2014, foi escolhida como a Miss Mundo Brasil daquele ano e representou o país no Miss World, o mais antigo concurso internacional de beleza do mundo. Na final, que ocorreu em Londres, a gaúcha ficou entre as top 10.
Mas, com a carreira de modelo e atriz na China, ela não cogitava mais competir nos concursos de beleza. Até que o empresário Winston Ling, novo proprietário da franquia do Miss Brasil, convidou Julia. De acordo com a biografia oficial, a oportunidade de ser coroada coincidiu com um antigo desejo da gaúcha, de se posicionar artisticamente no país natal.
"Que a realização do meu sonho seja exemplo de tudo que é possível criarmos para as nossas vidas. Que nos lembre que não há vergonha em ter ambição. Que fomos feitos para isso. Somos criadores, não criaturas. Nascemos para sermos gigantes. Tenho tudo isso dentro de mim e sei que vocês também têm dentro de vocês", escreveu Julia, após o anúncio da vitória no Miss Brasil, em seu perfil do Instagram.
Causas sociais
Depois de ser coroada Miss Mundo Brasil 2014, Julia engajou-se como voluntária - e, depois, embaixadora - do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Em vídeo recente publicado em seu perfil no Instagram, ela falou sobre sua atuação em prol do combate à doença:
— Me apaixonei pela causa quando entendi a complexidade dela. Quando entendi que falar de hanseníase é falar de direitos humanos, de união familiar. Do fim da estigmatização e do preconceito. É falar de disseminação do conhecimento. É falar de saúde básica. (...) Essa causa tem o meu coração principalmente porque não me conformo em pensar que essa é uma das doenças mais antigas da história, que tem tratamento gratuito. E, ainda assim, o Brasil é o segundo país do mundo em casos da doença. Isso não é aceitável, e só acontece porque nós, brasileiros, estamos nos omitindo. Está na hora de conscientizar e disseminar conhecimento, porque é o que falta para erradicar a hanseníase — discursou.
Assista ao vídeo:
Temporada na China
Após três anos cursando Engenharia Química na UFRGS, Julia decidiu investir na carreira de modelo e de atriz. E o destino escolhido para trilhar os rumos da profissão foi a China, em 2016. A modelo passou três anos no país asiático e posou para importantes marcas de moda do mercado local. Mas, com a coroa recém conquistada, decidiu voltar ao Brasil:
— Foram anos incríveis e sou grata por todo o aprendizado e acolhimento do povo chinês. Mas eu já estava com vontade de voltar para o Brasil e contribuir para o futuro do meu país — contou ela, em entrevista ao portal GShow.
Em postagem de junho em seu perfil do Instagram, Julia também refletiu sobre seus aprendizados durante a temporada na Ásia:
"Na China, aprendi a viver um dia de cada vez. Aprendi acolher o que cada dia e cada experiência me apresenta. Sim, ainda adoro tudo do meu jeito, mas os dias aqui me ensinam que nem sempre o 'meu jeito' é o melhor jeito. Aqui aprendi a ser mais flexível, mais compreensiva e mais paciente. Afinal, com uma cultura de mais de cinco mil anos de história, que eu tenho de melhor a fazer é aprender", escreveu.
Paixão pela atuação
Durante a temporada na China, Julia passou a focar em sua carreira como atriz. Por lá, atuou em filmes como o longa de ação Invisible Tattoo, de 2018 (na foto abaixo).
No Brasil, está no elenco de Delírius Insurgentes (2017), do diretor Fernando Mamari.
Assista ao trailer de Invisible Tattoo:
No Estado, Julia estudou atuação na escola de TV e Cinema Take 04, que fica no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre. Ela atuou nos longas Irreversível, Ódio e A Qualquer Custo, que integram o Projeto Cinema da instituição. O último título estreou em julho do ano passado na Capital, e foi produzido e gravado no Rio Grande do Sul.