A cantora Katy Perry voltou a comentar, em entrevista ao jornal The Guardian publicada nesta sexta-feira (14), os momentos difíceis que viveu quando lutou contra a depressão após o lançamento de seu último álbum, Witness, em 2017, que não recebeu boas críticas.
A artista, que hoje já está recuperada, prestes a lançar o próximo álbum, Smile, e na reta final da gravidez de seu primeiro filho, fruto do relacionamento com o ator Orlando Bloom, relatou que em seu pior momento não conseguia nem levantar da cama.
— Nada, nenhuma oportunidade, nenhuma pessoa me tirava da cama. Minha depressão apareceu em letargia, em falta de interesse. Tipo, eu simplesmente não me importava com nada. Na-da. E não esperava por nada — afirmou.
Ela contou ainda que, anos antes, em 2011, pensou em tirar a própria vida quando seu então marido, o humorista Russell Brand, pediu o divórcio por mensagem. A situação é relatada em seu documentário Part Of Me, no qual ela aparece chorando de cabeça para baixo no camarim para não estragar os cílios postiços, já que em poucos minutos precisava subir no palco e fazer um show.
— Aprendi a compartimentar e a ser performer. Você guarda sua vida pessoal por duas horas e percebe que as pessoas estão pagando com seu tempo e dinheiro para vir ver o bobo da corte, para escapar de suas próprias coisas — refletiu.
Para se recuperar de ambas as crises, Katy se internou no Instituto Hoffman, localizado nos Estados Unidos, no qual especialistas buscam traumas de infância que possam ter levado a comportamentos autodestrutivos na vida adulta. A artista afirmou à publicação ter identificado que sua criação rigorosa com pais cristãos gerou consequências.
— Todo mundo tem uma infância. Mas a minha infância foi só um treinamento sobre Jesus. Ela não foi expansiva e não foi exploradora. Era apenas domingo de manhã, domingo à noite, tarde de quarta-feira: Jesus, Jesus, Jesus, Jesus — contou.
A atmosfera controladora de sua casa fez com que Katy desenvolvesse um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) por limpeza, o que era ignorado pela família.
— Jesus cura tudo! Por suas feridas, você está curado! Eu sinto muito se seus dedos estão caindo, mas Deus irá curá-los — ironizou Katy em relação à opinião dos pais sobre o tratamento. — É como se, caso você não tenha uma fé intensa, você não é o um bom cristão. Mas existem muitas ferramentas que Deus nos deu para ajudar a nós mesmos, e a ciência, os médicos e os terapeutas são alguns deles.
Por fim, refletiu que o fato de ter adotado tons coloridos em seus trabalhos tem relação com sua infância.
— Eu acho que adotei o humor e o sarcasmo como um escudo bem cedo — concluiu.