Jessie Cave, atriz conhecida por interpretar Lilá Brown na saga Harry Potter, revelou ter sido estuprada aos 14 anos por seu instrutor de tênis. O relato foi feito durante uma conversa com sua irmã, Bebe, no primeiro episódio de seu podcast, chamado "We Can’t Talk About That Right Now". Ela já havia mencionado o crime em seus shows de stand-up, mas nunca havia compartilhado detalhes sobre o ocorrido.
As duas estavam falando sobre as dificuldades que cada uma enfrentou na transição para a vida adulta.
— Lembro que tivemos uma briga muito ruim uma vez, quando tentamos descobrir quem tinha a adolescência mais difícil — falou Bebe.
— Para ser justa, acne e aparelho são ruins, mas acho que estupro aos 14 anos é muito pior. Por seu treinador de tênis, alguém em quem você confiava, que estava em uma posição de poder — retrucou Jessie.
Em outro ponto da conversa, a atriz deu sequência.
— Ainda assim ele se aproveitou de mim. Mas ele foi preso, então está tudo bem.
Em seguida, Jessie, que hoje está com 33 anos e grávida de seu terceiro filho, frutos do relacionamento com o namorado Alfie Brown, discorreu sobre as consequências do abuso em sua vida.
— Meu estupro significou que eu tive uma adolescência e início dos vinte anos completamente diferente de você, porque, em retrospecto, ainda estava me recuperando, em um caminho completamente anormal em relação ao seu— refletiu.
Ela falou, ainda, que o episódio não a define.
— Acho que ainda há consequências desse período que só estou percebendo 18 anos depois. Isso não me destruiu, e acho que é algo que as pessoas não falam o suficiente sobre abuso sexual e trauma. Há algumas pessoas que ficam bem depois, há algumas pessoas que usam e encontram uma maneira de viver com isso e definitivamente não são definidas por isso — explicou.
Confira o bate-papo na íntegra:
Por causa da grande repercussão de sua declaração, Jessie fez uma postagem em seu perfil do Instagram nesta sexta-feira (28) falando sobre o episódio, reforçando que não gosta de ser definida pelo que aconteceu com ela há 18 anos.
"Como é natural em uma conversa casual com um irmão, você pode estar falando sobre quanto bolo comeu em um segundo e, no outro, estar falando sobre coisas mais sérias, como estupro adolescente. Meu, em particular. E algumas pessoas optaram por se concentrar nisso", disse ela.
"O que preciso dizer é... Não sou uma vítima e não fui definida pelo que aconteceu quando era menina. Eu estou bem e posso falar sobre isso, até rir disso, carregar comigo e usar. Já o fiz extensiva e publicamente em trabalhos anteriores (...). Eu trago isso casualmente (sem avisos de gatilho porque eu os esqueço e realmente não os entendo) porque é apenas uma parte de mim e tem sido por mais da metade da minha vida. Mas nosso podcast não era sobre isso".
No texto, disse ainda que as pessoas darem tanta atenção para o fato faz com que ela se sinta insegura em falar sobre no futuro.
"Pegar isso como o tema principal me deixa com medo de ser tão aberta e honesta no futuro, o que não ajuda as pessoas que podem se beneficiar ao ouvir histórias sobre crescimento pós-traumático", afirmou.