Valentina Sampaio fez história ao ser a primeira mulher transgênero a estampar a capa da conceituada revista de moda americana Vogue, em 2017. Agora, a modelo volta à publicação para falar sobre a situação da população trans no Brasil.
Em entrevista publicada nesta sexta-feira (26), Sampaio aproveitou o Mês do Orgulho LGBT+ para falar sobre sua luta por uma sociedade mais igualitária.
- Eu tento ser uma liderança ao, por exemplo, seguir as coisas que falo, transmitir amor ao mundo, plantar uma sementinha de compreensão e aceitação no coração das pessoas - disse. - Aredito que pessoas melhores constroem um mundo melhor para todos nós, e eu apoio qualquer um que, como eu, sofre preconceito por não se encaixar nos padrões da sociedade.
Sobre o Brasil, ela lamentou o tratamento dado à população trans.
- Nós nunca tivemos um lugar de respeito na sociedade. Assim como nos Estados Unidos e ao redor do globo, transexuais são marginalizados no Brasil. Nós somos vistos como imorais e rotulados como algo pervertido, amplamente insultados, publicamente agredidos e, em alguns casos, assassinados.
Sampaio também destacou que 129 transexuais foram mortos no Brasil no ano passado - o país é hoje o mais violento para essa população.
- Nossa proteção vem de Deus. Mesmo com leis novas, as pessoas não as respeitam de fato e as autoridades também não as reforçam - disse.
A modelo também afirmou que encontrou mais aceitação fora do Brasil do que em sua própria terra natal. Para ela, é muito mais comum cruzar com transexuais em diversas áreas de trabalho nos Estados Unidos do que por aqui.
É por isso que Sampaio deseja usar o status que alcançou para ampliar as vozes dessa comunidade.
- O primeiro passo é julgar menos. O próximo é dar oportunidades de emprego e apoio. Nós queremos respeito e quanto mais gente estiver envolvida, mais fortes nós seremos. Unidade é força.
Ela também falou sobre os recentes protestos do Black Lives Matter nos Estados Unidos, desencadeados pelo assassinato de George Floyd no mês passado. Sampaio destacou o sofrimento da população trans negra e relembrou os assassinatos de Riah Milton, Dominique Fells e Tony McDade.