Mãe de três crianças, sendo uma delas uma menina negra, a atriz Katherine Heigl desabafou sobre as questões raciais debatidas com os protestos nos Estados Unidos. Desde a última semana, manifestações antirracistas ganharam as ruas do país após a morte de George Floyd, um homem negro que teve o pescoço prensado no chão pelo joelho de um policial branco.
Em um longo relato, dividido em duas postagens, Katherine afirma que não costuma expôr sua opinião política nas redes sociais, mas conta que "não havia conseguido dormir" por causa dos acontecimentos recentes.
"Acordo com um único pensamento na cabeça. Como direi a Adalaide? Como vou explicar o inexplicável? Como posso protegê-la? Como posso quebrar um pedaço de seu belo espírito divino para fazer isso? Não consigo dormir. Deito na minha cama no escuro e choro por toda mãe de uma linda e divina criança negra que tem que extinguir um pedaço do espírito de seu amado bebê para tentar mantê-los vivos em um país que dorme profundamente demais", escreveu ela.
Ao longo do relato, a atriz conta que a sua "bolha branca" começou a "sangrar" porque agora ela enxerga o racismo com a sua filha negra e com a sua filha coreana.
"Levei muito tempo para internalizar verdadeiramente a realidade da verdade desprezível, abominável e maligna do racismo. Minha brancura escondeu de mim. Minha educação de inclusão, amor e compaixão parecia normal. Eu pensei que a maioria se sentia como eu. Eu não conseguia imaginar um cérebro que visse a cor da pele de alguém como algo além disso. Apenas uma cor. Eu fui ingênua", disse ela.
Na segunda parte do texto, Katherine conta que, por fim, o seu sentimento é raiva. Ela então ressalta a importância de uma pena severa para o policial que matou George.
"O que eu quero é que todos fiquem tão assustados com as consequências do policial Chauvin que tenham medo de respirar na direção de um homem, mulher ou criança negra. Muito menos tente machucá-los. Quero que eles se agitem na cama à noite, com medo de que eles também acabem como Chauvin. Eu quero que ele seja um exemplo do que acontece com um racista neste país. Estou ciente de que essa raiva não é muito cristã de minha parte. Ou é? Jesus ficou muito bravo com o templo. Deus trouxe as inundações, a fome, os gafanhotos e as colunas de sal. Talvez a raiva faça parte do divino. Talvez o céu queira nossa raiva agora. Talvez nossa raiva seja deles. Tudo o que sei é que quero que acabe. Hoje. Para sempre. O que for preciso", finalizou.