Consuelo Blocker, 55 anos, virou sinônimo de amor próprio depois dos 50 anos. Para as suas mais de 250 mil seguidoras no Instagram (no @consueloblocker), exibe seu sorriso largo, cachos definidos e as marcas do tempo no rosto.
– Por que linha de expressão é feio? Porque foi ensinado para gente que é feio, quando não deveria ser – diz.
Para ela, é difícil entender por que tantas mulheres têm cada vez menos tolerância a qualquer sinal da passagem do tempo e submetem-se a procedimentos que, muitas vezes, tornam uniformes as expressões faciais. Consuelo deixa claro que não é contra intervenções estéticas, mas lamenta excessos. Ela mesma fez, há mais de 10 anos, uma blefaroplastia, cirurgia de retirada de excesso de pele sob olhos e não se arrepende.
A influenciadora esteve em Porto Alegre, no final de outubro, para a quarta edição do Barra em Movimento, do BarraShoppingSul, um bate-papo sobre comportamento e elegância em qualquer idade. Em entrevista à Revista Donna, Consuelo falou sobre os prazeres da idade madura.
– Ter 55 anos não é bom porque não estou morta. É bom porque é um privilégio, as crianças estão grandes, você não tem pelo na língua, e mil outras razões que você descobre no dia a dia.
Toda a nossa vida disseram que ser jovem, magra, rica e bonita é o ideal. Ser feliz sendo você é muito difícil, mas é um prêmio enorme aceitar-se".
CONSUELO BLOCKER
Nem sempre foi assim, conforme ela conta no livro O Fio da Trama, escrito em parceria com a irmã, Alessandra, e com participação da mãe, Costanza Pascolato, um dos maiores ícones da moda no Brasil. Com referência de moda, beleza e elegância em casa, Consuelo passou a infância e a adolescência sentindo-se um "patinho feio" – percepção que, de vez em quando, volta a assombrá-la.
– Toda a nossa vida disseram que ser jovem, magra, rica e bonita é o ideal. Ser feliz sendo você é muito difícil, mas é um prêmio enorme aceitar-se. Não digo que estou lá, mas tento ver o que é gostoso no que tenho. Dependendo da hora, me gosto ou não.
Tornar-se uma inspiração para outras mulheres maduras foi um processo que começou no seu blog, em 2011. Nos textos, ela escrevia sobre temas diversos, como moda, viagens, gastronomia e comportamento. Em 2014, aos 50 anos, causou alvoroço ao posar para uma campanha de lingerie. Vieram críticas de que estava "bancando a mocinha". Mas também muitas mensagens de agradecimento de quem se sentiu encorajada a ser sensual em qualquer idade.
Com a experiência, passou a dizer que, no Brasil, é "errado" envelhecer. Ao mesmo tempo, percebeu uma vontade das brasileiras mais maduras de se libertarem dessa pressão.
Há 29 anos vivendo na Europa, diz que, lá, a velhice é encarada com mais leveza. Em um post deste ano, em que relembra o episódio, afirmou que "abraça a idade sem ser desleixada". E completou:
"Apesar de ser lógico que ninguém goste das consequências físicas, quão pesado seria ter que viver o resto da vida dentro de uma cabeça de 20 anos? Com todas as dúvidas e inseguranças? Socorro!", escreveu.
O estilo Consuelo
Há dois tipos de elegância para a influenciadora digital. Consuelo destaca que a etiqueta é baseada no respeito ao outro e que ser elegante é olhar as pessoas nos olhos, escutá-las e sorrir. Sobre a a elegância no vestir, cita Costanza:
– Minha mãe fala que você sai de casa arrumada também em sinal de respeito aos outros.
Para ela, as tendências da moda são menos importantes do que encontrar o seu estilo. Da rock ‘n’ roll à romântica, todas podem ser elegantes.
– A gente tende a pensar que a clássica é a mais elegante, mas, hoje em dia, elegância é autenticidade.
Ela define seu estilo como um “clássico com um twist, como um drink”. Gosta de "descaretar" o tradicional, seja com uma calça de alfaiataria com gancho baixo ou sapatilhas feitas de tafetá de seda ou ainda com as várias pulseiras nos dois pulsos, marca já registrada. O caminho para quem busca encontrar o seu estilo é experimentar e adaptar ao seu lifestyle.