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Por Nathália Carapeços
Atodo custo, os curiosos tentavam encontrar a melhor posição para ver de perto os atores globais que gravavam cenas da novela Tempo de Amar em Bento Gonçalves. Na ponta dos pés, alguns conseguiram identificar Tony Ramos, e outros reconheceram Jayme Matarazzo sentado nos bastidores. Mas o foco das câmeras se dirigia a uma sorridente jovem de longos cabelos pretos e corpo esguio, instruída de perto pelo diretor Jayme Monjardim. A guria em questão era a atriz Vitória Strada, gaúcha de Porto Alegre que faz sua estreia na TV em 26 de setembro como a grande estrela do novo folhetim das seis.
Apesar de ser uma cara nova para o grande público, talvez você, leitora da Donna, ache esse rosto familiar. Como modelo, Vitória foi capa da revista duas vezes, a última delas em março deste ano, além de ter aparecido nestas páginas em editoriais de moda e quando protagonizou o filme Real Beleza, de Jorge Furtado, em 2015.
– Tu é de Porto Alegre, né? – questionou uma família no mesmo momento em que pedia para tirar fotos com a jovem de 20 anos, provavelmente prevendo a fama por vir.
– Sim, sou – respondeu Vitória, abraçando o quarteto e caprichando na simpatia apesar do visível cansaço.
Elogiada nos bastidores pela simplicidade e pelo carisma, a atriz confirmou na prática a opinião dos colegas quando olhou fixamente para a repórter e não titubeou em perguntar:
– Eu não te conheço? Acho que já nos vimos, né? Da onde mesmo?
Sim, ela não estava enganada. E depois de relembrarmos as aulas de balé que frequentamos juntas há quase 10 anos em um estúdio na Zona Sul de Porto Alegre, a entrevista com a nova aposta da Globo começou em tom de bate-papo. Vitória contou como sua trajetória sempre esteve ligada às artes. Para além de nossas piruetas no balé, a ex-aluna do Colégio Tiradentes fez ginástica rítmica por oito anos e, por volta dos 12, começou a modelar – sempre de olho em uma chance de fazer um comercial e poder atuar. A primeira oportunidade na ficção foi no filme de Furtado, contracenando com Vladimir Brichta e Adriana Esteves – atriz que ela amava assistir como a Carminha de Avenida Brasil.
– Eu ficava “Nossa, que atriz”, e aí tu vês como as coisas são... – diz Vitória, que um dia se viu no set com Adriana. – O Jayme estava dizendo: “Cuidado com o que a gente pede que pode mesmo acontecer”.
Desde Real Beleza, Vitória cursou dois anos da Faculdade de Artes Cênicas da UFRGS (que ainda pretende concluir) e fez uma participação em O Filme da Minha Vida, longa-metragem de Selton Mello, também com locações no Estado, que estreou em agosto. E aí, neste ano, pintou o teste que lhe abriu as portas na TV para viver, logo de cara, a protagonista de uma novela de época – Maria Vitória, uma jovem dos anos 1920 que luta para viver um amor proibido.
– Estou amando fazer novela, estou vivendo o agora – comenta, empolgada. – No momento, a Maria Vitória é meu amor.
E também o passaporte para a fama nacional, na maior rede de televisão do país. Algo que nem Vitória, nem seus pais conseguem ainda dimensionar.
– A gente não sabe o que vem (risos). Estamos preparados, sim, para estar do lado dela, para apoiá-la, para dar muito amor, carinho e dizer: “Minha filha, siga em frente que tem duas pessoas que te amam e estão do teu lado” – diz a mãe de Vitória, Marisete, que foi com a filha para o Rio, conheceu tudo de perto e acompanhou a garota até ela se estabelecer por lá. – Vai ser tudo novo para nós (risos). Mas eu, como fã número 1, sei que minha filha vai dar o melhor dela, vai ser o melhor que puder.
É justamente da mãe que Vitória lembra quando chegamos aos fim da entrevista:
– Obrigada e me mandem depois o que sair porque minha mãe já está lá enlouquecida: ‘’Preciso saber’’.
A seguir, tudo o que você precisa saber sobre Vitória.
Você sabe que em alguns dias não vai mais passar despercebida nas ruas.
(Risos) Todo mundo me fala isso
Você está preparada?
Estou vivendo um dia após o outro. Procuro não pensar muito nisso de “Ai, não vou poder fazer tal coisa”, porque as coisas vão acontecendo aos poucos, e aos poucos a gente vai se acostumando. Então, o carinho que já estou recebendo das pessoas, estou amando. Posso falar pelo que estou vivendo agora, realizando o meu sonho de poder contracenar com pessoas maravilhosas, tendo o diretor que eu sempre admirei... Meu sobrenome é foco agora.
Como está a expectativa de sua família?
Minha família sempre soube que eu tinha essa vontade de atuar, então a questão da fama nunca foi um objetivo lá em casa. Quando eu conversava nunca foi assim: “Meu Deus, agora as pessoas vão me conhecer”, não. Foi “Mãe, tá vendo o sonho que eu estou realizando?”. E aí, depois que as pessoas vão falando, a gente vai percebendo “nossa, realmente as coisas estão mudando”, mas, como eu disse para meus pais, é um dia após o outro. E a saudade fica. O meu relacionamento com eles é: “E aí, filha, como que está, me conta...’’. É sempre tentando manter o contato porque família é a coisa mais importante.
A vontade de atuar, então, vem desde cedo.
Sempre estive envolvida com as artes. Desde pequenininha, fiz balé, ginástica rítmica... Mas eu sempre tive vontade de atuar. Era um sonho que deixava muito guardado em mim, sabe? Fui crescendo e vendo que isso era o que mais me brilhava os olhos.
E, no meio do caminho, a vida de modelo.
Como modelo, cheguei a fazer um workshop lá no inicinho, umas aulas de TV e cinema e tudo mais. Mas, como depois eu deixei isso meio morno, fui focando mais nos trabalhos (como modelo) e na escola – sempre deixei o estudo em primeiro lugar. A minha escola mesmo, eu digo, foi o filme, depois a faculdade de teatro e agora a novela.
Quando você decidiu focar na carreira de atriz?
Quando terminei o Ensino Médio, passei três meses na Itália trabalhando como modelo. Quando voltei, tinha propostas para ficar dois anos não sei onde, mas vi que o que eu realmente queria era voltar, fazer a faculdade de teatro, ir para o Rio, tentar ser atriz. Foi uma experiência boa, amadureci muito. Mas decidi focar no que eu queria mesmo.
Uma decisão muito recente então. E tudo aconteceu muito rápido.
Sim, foi muito rápido. Não chamo nem de uma decisão. Era uma vontade que eu tinha desde pequena, mas sempre fui muito pé no chão. Mas sabe quando a vida te diz: acredita que pode acontecer?
Como surgiu a oportunidade da novela?
Fiz um teste no início do ano (na Globo) para outro projeto, que nem tinha nome ainda. E aí me disseram que achavam que não tinha dado, mas que haviam gostado muito de mim e ficariam com meu material. Eu já estava decidindo se viria para o Rio e para São Paulo para viver mais perto deste meio. E aí uma produtora me mandou uma mensagem: me disse que queriam me ver no Projac. E aí fiz o teste. Sabia que era para uma novela do (diretor) Jayme Monjardim, mas não que era para aprotagonista. Fui com muita vontade, fiz o primeiro teste já com o Jayme, fiz o segundo, e aí ele me chamou.
Como foi esse processo para construção da personagem, Maria Vitória?
Todo o elenco teve uma preparação com a Ana Kfouri, que é uma preparadora incrível. Pedi também ao diretor para eu estar antes de todo o elenco, porque queria realmente estar muito entregue nesse projeto. Então, fui para o Rio de Janeiro um mês antes de todo mundo, fiquei tendo aulas com a Ana. Trabalhamos nas questões da personalidade da Maria Vitória, das relações com cada familiar. É assim que a gente vai entendendo: pega o texto frio e vai entendo aos poucos como ela se relaciona com o pai, como se relaciona com Inácio (Bruno Cabrerizo), e assim fica tudo mais concreto.
Você chega à TV com a experiência de dois filmes no currículo.
O que mais me ajudou para não estar nervosa agora nas gravações foi a preparação que a gente teve para a novela, mas também os dois filmes que eu fiz, principalmente o Real Beleza, que foi o primeiro. Foi o ponto inicial que me fez realmente decidir e perceber que era aquilo o que eu queria, atuar. No momento em que fiz o filme, foi “Ok, vou me dar essa chance de seguir o que eu quero”, sabe? Então, além da preparação isso acho que conta muito.
Como tem sido a rotina de gravações?
A gente começou a gravar pelo momento mais difícil da personagem. A primeira cena que eu gravei foi um parto, literalmente um parto. Minha estreia gravando novela foi tendo um filho. Foi ótimo, mas, claro, teve essa tensão de começar pela cena mais difícil. Mas, ao mesmo tempo, é bom começar com essa intensidade, ir se acostumando com o ritmo. Estou muito feliz. Quando se está fazendo o que se ama, mesmo com o cansaço, a gente sai leve feliz, sabe?
Atuando ao lado de grandes nomes da TV, já caiu a ficha?
Essa coisa da ficha... Desde que fiz o Real Beleza, com o Jorge (Furtado) e a Adriana Esteves... É uma coisa que sei que aconteceu, tenho um carinho por eles, mas não tem um momento que chego e penso: “Nossa, isso está realmente acontecendo”. A ficha meio que não cai, é um dia após o outro, é felicidade atrás de felicidade de estar contracenando com eles. É uma honra incrível, fico tentando absorver todo o conhecimento e toda a atenção que podem me dar para aprender o máximo, tamanha a bagagem que eles têm.
Como é a relação com Tony Ramos, que interpreta o pai da sua personagem?
Quando fiquei sabendo que o Tony Ramos ia ser meu pai, tive que fingir naturalidade mas aquilo não era nada natural, né gente? (Risos) Nossa, foi uma alegria imensa, sempre admirei muito o trabalho do Tony. E, conhecendo-o pessoalmente, pude confirmar que, além de um ator incrível, ele é uma pessoa maravilhosa, um parceiro de trabalho atencioso, que me deu todo o suporte, de igual para igual. Ele é uma inspiração para todo mundo, como pessoa e ator.
O que você achou do Projac?
Ah, é muito legal! Eu tinha ido quando tinha uns 12 anos, para um teste. E vi o Jayme passando por mim. Eu estava conversando com uma menina e, quando ele passou, ela disse: “Este é aquele diretor...”. E lembro que mentalizei: como queria ter a oportunidade de trabalhar com ele. E agora, anos depois, estou aqui. Esses dias, achei a foto que havia tirado com ele naquele dia e mandei para ele. O Projac é incrível, a cidade dos sonhos, onde tudo é possível.
E a vida no Rio?
É muito diferente, mas me adaptei superfácil. Claro que desde o início tive compromissos da novela, então nem deu aquele tempo de “Estou sem nada para fazer”, mas o Rio é lindo, é um clima diferente...
Já fez amigos por lá?
A equipe toda é minha amiga (risos). No momento, meus amigos são eles, desde as camareiras ao pessoal do cafezinho, que é a equipe com a gente convive e vai conviver até o fim da novela.
Muita gente tem comparado sua trajetória com a de Camila Queiroz, também uma modelo que começou a atuar já como protagonista. Como você vê essa comparação. Vocês já conversaram?
Faz pouco tempo que soube dessa comparação porque me perguntaram. Sempre admirei o trabalho dela, e parece ser uma menina muito querida e muito humilde. Ainda não a conheço, mas gostaria muito. Acho que faz sentido porque tem a similaridade que ela começou com uma protagonista e eu também. Acho natural que comparem, mas vamos ver agora com a minha atuação como é que vai ser (risos).
*No bate-papo com a repórter Nathália Carapeços, Vitória Strada lembrou das duas capas de Donna em que figurou como modelo. Às vésperas do Natal de 2014, ela surgiu enrolada em luzes. Em março deste ano, mostrou a língua para a capa sobre a pílula anticoncepcional:
– Digamos que a gente gastou quase uma cartela, porque colocava na língua e ficava caindo o tempo inteiro, mas a gente se divertiu. Vitória também figurou nas nossas páginas em editoriais de moda (à direita), sempre caprichando no carão e no sorriso.
“Minha filha se mostrou interessada em atuar aos 12 anos. Ela fez o workshop no Rio com um dos diretores da Globo e, de 50 meninas, foi uma das escolhidas para fazer seu primeiro teste na Globo. Lá eu percebi que esse era o sonho dela. Eu digo: ‘Minha filha, vamos sonhar juntas’. A história dela mostrou para mim que a gente tem que acreditar mesmo nos sonhos.”
Marisete Strada, mãe de Vitória
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