Elas treinaram bastante: o "bah", o "capaz" e o "tri" vieram na ponta da língua (e em cartazes) das quatro integrantes do programa Saia Justa para a gravação do Saia Por Aí em Porto Alegre na noite desta terça-feira (24). Com um público de mil pessoas no Teatro Bourbon Country, as apresentadoras da atração do GNT receberam a escritora Martha Medeiros como convidada e debateram ao vivo por quase duas horas temas como estereótipos femininos e masculinos, voyeurismo, sofrimento, amor e superação.
Foram 14 mil inscrições no site do canal para assistir à gravação com Astrid Fontenelle, Mônica Martelli, Barbara Gância e Maria Ribeiro. O programa editado irá ao ar no dia 1 de junho.
Para a plateia entrar no clima, foi exibido nos telões um vídeo divertido mostrando a preparação de todas antes de embarcarem para a capital gaúcha. O público deu a resposta esperada, com muitos risos (que não faltaram durante toda a noite, aliás). No vídeo, Barbara, por exemplo, usou seu cachorro (um linguicinha) como estola no pescoço para combater o frio do Sul. As demais "gurias" também se preocuparam com a escolha do figurino para se adequarem ao clima gaúcho.
Abertas as cortinas do teatro, as apresentadoras saudaram a plateia com muitas referências ao Estado e, claro, brincadeiras. Ao vivo, o quarteto de comunicadoras se mostrou ainda mais descontraído.
– Você que se inscreveu? – surpreendeu-se Astrid ao identificar um dos poucos homens no mar de mulheres que formavam a plateia.
Não demorou, veio uma confissão: a mediadora contou que vinha muito a Porto Alegre nos anos 1980 para curtir a noite e o rock da cidade. E um namorado porto-alegrense:
– Era o Ratão, de uma banda de rock.
De imediato, gritou alguém da plateia:
– Eu conheço ele!
– Conhece o Ratão? E alguém mais aí ficou com o Ratão? – brincou Astrid.
O ex da apresentadora ainda foi citado mais algumas vezes durante o programa, sempre aos risos (quase uma piada interna durante toda a noite).
Reportagens mostraram histórias locais, como a ONG Mulheres em Construção, comandada por Bia Kern, e o trabalho de mulheres que aprendem as técnicas da construção civil. Também o trailer do filme Ponto Zero, do cineasta Zé Pedro Goulart, foi exibido e motivou debates sobre a passagem da adolescência para a vida adulta.
Depois do primeiro bloco, a escritora Martha Medeiros subiu ao palco para participar do programa. "O bom é que não vou precisar imitar o sotaque", brincou. Astrid propôs o tema do voyeurismo:
– Você, Martha, que deve andar pela vida ouvindo os fragmentos do cotidiano alheio, como enxerga a questão da exposição hoje em dia?
A escritora respondeu acreditar que o voyeurismo atualmente perdeu lugar para as redes sociais: todo mundo sabe da vida de todo mundo:
– É uma versão muito fantasiosa. Parece que cada pessoa tem seu próprio assessor de marketing.
Martha contou ainda que sua observação do cotidiano advém mais de uma reflexão motivada por fatores internos do que necessariamente de histórias que presencia. Uma delas, porém, a marcou muito. Certa vez, no trânsito, parou no sinal vermelho ao lado de um carro cuja motorista chorava muito. Copiosamente. O encontro fortuito motivou a crônica "A mulher do carro azul". Martha cogitava quais seriam os motivos para a mulher chorar tanto. "E eu já chorei muito em carro também", recordou. Dias depois, a mulher do carro azul entrou em contato se identificando. Mas nunca chegou a revelar qual era o motivo do pranto.
Abordando o tema dos estereótipos e a paquera digital via aplicativos como Tinder, Maria Ribeiro fez uma provocação: nunca antes fomos avaliados apenas por uma linha descritiva e uma foto. Estaríamos, questionou Astrid, avaliando as pessoas apenas por suas aparências, assim como compramos um livro somente pela sua capa? O poeta e escritor Fabrício Carpinejar falou sobre o tema e disse acreditar que todo mundo, quando está apaixonado, "faz greve de personalidade" por um período para agradar ao outro. Em seguida, lançou uma pergunta a ser respondida por todas as apresentadoras: qual o perfil de homem que elas odeiam? Cada uma trouxe, com suas características, uma história pessoal para responder à questão.
– O playboy, aquele com carrão, cabelo engomado, relojão – disse Maria.
– O fortão – afirmou Astrid. – Mas já me enganei uma vez... E você, Mônica, errou quando?
– Quando?! – devolveu Mônica. – Eu só erro (risos).
Durante o programa e também na coletiva de imprensa, Astrid retomou alguns dos tópicos abordados na reportagem de capa da revista Donna do final de semana de 21 e 22 de maio, como sororidade e empoderamento: Foto: Andréa Graiz
– Nunca fui tão feminista quanto agora -- concluiu.
Confira alguns destaques do programa acompanhado pela equipe Donna:
"Será que a Fernanda Lima emagrece só por causa do chimarrão? Ou, também, né, porque tem aquele Rodrigo Hilbert em casa..." (Astrid Fontenelle)
"Hoje em dia é tudo controlado, tem câmera por tudo quanto é lado, na rua, até no elevador, com som e tudo. Você não pode nem soltar um pum no elevador". (Barbara Gância, sobre voyeurismo)
"Eu queria ser uma mosquinha para entrar na casa do Tony Ramos. Queria ver como funciona aquele casamento feliz, feliz, há 40 anos assim". (Mônica Martelli)
"Eu queria entrar na casa da Gloria Pires e do Orlando Moraes, então. Tanto amor, é assustador". (Maria Ribeiro)
"Internet é uma coisa assim: você começa lendo um autor e de repente vai parar na dieta da Cláudia Leitte". (Mônica Martelli)
"Tem gente que trata joanete como se fosse câncer e gente que tem câncer e está lá 'paz e amor" (Martha Medeiros, sobre sofrimento)
Veja o recado de Astrid para as leitoras de Donna: