Em um dos vídeos de sua série sobre o estilo de vida das mulheres depois dos 50 anos, publicada no IGTV de sua conta no Instagram (no @claudiaraia) semanalmente, a atriz Cláudia Raia falou sobre saúde feminina e bem-estar. No entanto, um comentário gerou polêmica e repercutiu nas redes sociais nos últimos dias.
A atriz disse que praticar corrida faz "tudo cair", especialmente em mulheres após os 40 anos.
– Vou falar uma coisa que vocês vão ficar passadas. A atividade física aeróbica não se deve fazer muito, muito, muito depois dos 40. Por que? Porque ela come testosterona e você, que já não tem muita testosterona depois dos 40, vai perdendo mais ainda. Então, fazer aeróbico, só três vezes por semana. Não corra, que a cara cai. Tudo cai. A cara, o peito... vai tudo para o chão – disse a atriz, de 52 anos, em um trecho do episódio sete da série chamada 50 e Tantas.
Para esclarecer dúvidas sobre o assunto, conversamos com o educador físico Matheus Ferrareze, com o médico do esporte e do exercício Matheus Gazola e com a dermatologista Júlia Ribar.
– O primeiro ponto é que a gente nunca deve generalizar quando se trata de atividade física. Cada pessoa, cada indivíduo, cada situação requer um tipo de atividade diferente para determinado objetivo – afirma Ferrareze.
Gazola explica que a queda de testosterona mencionada por Cláudia acontece em quem treina de forma intensa, para competições:
– Ela está sendo bem extremista. Se uma pessoa comum corre três vezes por semana, de cinco a 10 quilômetros, ela não vai ter queda de testosterona. Agora, se tu for fazer uma prova que dura 12 horas, isso leva teu corpo a um estresse muito alto – afirma.
– Essa queda de testosterona acontece no pico de treinamento, nas últimas semanas de preparação, quando se está treinando oito horas por dia em nível de atleta – completa.
Veja os benefícios e os malefícios apontados pelos profissionais sobre a corrida:
Os benefícios
- Ajuda no controle de doenças como diabetes e hipertensão;
- O exercício aeróbico é fundamental para proteger o sistema cardiovascular;
- É o exercício mais indicado para consumo de calorias;
- Aumenta a produção de antioxidantes quando o corpo está em repouso;
- Libera uma grande dose de endorfina, os hormônios de bem-estar e que ajudam no controle dos níveis de estresse;
- Ajuda na manutenção de massa óssea, auxiliando na prevenção da osteoporose.
Os malefícios
- Tem um grande estresse articular, então é necessário um cuidado extra com o desgaste nos tornozelos, joelhos, quadril e coluna;
- Aumento de produção de radicais livres, moléculas com átomos desemparelhados, que, no excesso, podem ser tóxicas ao organismo (mas, ao mesmo tempo, como a corrida aumenta a produção de antioxidantes, é como se equilibrasse a balança);
- Se a atividade é feita na rua, aumenta a exposição aos raios ultravioleta, o que pode envelhecer a pele (lembre-se da importância do filtro solar);
- Pode ser que haja perda da gordura do rosto, chamada de bichat. Com isso, a face pode ficar emagrecida e a pele flácida, pois perde a sustentação. A partir dos 40 anos, o estoque de colágeno do organismo é reduzido, então podem coincidir esses dois fatores.
Dica dos profissionais
Quando se aproxima do período da menopausa, a mulher começa a passar pela sarcopenia, que é o processo natural e progressivo de perda de massa muscular, uma característica do envelhecimento. Por isso, é indicado que, além da corrida (ou qualquer outro exercício aeróbico), a mulher também pratique treinamentos funcionais de musculação.
Ferrareze recomenda ainda a procura de um profissional que saiba prescrever a intensidade e frequência adequada para cada organismo. Segundo ele, se aliada com uma boa alimentação, um sono de qualidade e um cuidado com a exposição ao sol, é um exercício 100% saudável.