Tecnologia não é meu forte.
Além da inaptidão, tem muita preguiça envolvida. Nada sei sobre cabos, operadoras e filtros. Nem mesmo sei de onde vem e quem paga a internet aqui de casa (desconfio que eu mesma), e, apesar de ter um notebook novinho, de vez em quando ainda escrevo num desktop com Windows 7 sem suporte técnico: a qualquer momento, sumirão todos os meus arquivos. Até meses atrás, não tinha backup. Calma, hoje eu tenho. Obrigada, filha.
Em tempos de distanciamento social, eis que surge um novo desafio: fazer lives.
A primeira foi com a jornalista Patricia Parenza, e, agora que passou, já consigo lembrar sem cair no choro. Sentei no chão da minha biblioteca (não me faça perguntas difíceis como “por que no chão?”) e empilhei vários livros onde apoiei o celular e dois copos d´água: andava mal da garganta.
Quando Patricia surgiu no vídeo, estava bela e iluminada como Nossa Senhora, enquanto eu estava em meio às trevas, só se enxergavam meus olhinhos aflitos. Então, acendi as lâmpadas dicroicas do teto e fiquei parecida com o ex-ministro Nelson Teich, as olheiras vinham no pé. Como nada está tão mal que não possa piorar, um gerador explodiu na rua e caiu a energia elétrica. No breu, sabiam que eu continuava ali porque tossia entre uma frase e outra.
Não tem sido fácil – nada tem sido –, mas é nosso dever seguirmos vivos no jogo. I'm alive.
Patricia, que é uma lady, me presenteou no dia seguinte com um ring light: um anel de luz que faz a gente se sentir em um camarim. Meus problemas acabaram, pensei, e me animei a conversar com a querida Jackie de Botton, diretora da School of Life Brasil. Jackie começou a transmissão 15 minutos antes do combinado para que ajustássemos alguns detalhes, e acreditei que ninguém estava nos vendo ainda – não ria, por ignorância já se fez coisa bem pior neste país. Passei a chamar minha filha, aos gritos, para que viesse até a sala me ajudar (ela estava me assistindo do quarto, em choque), mas nada se comparou ao fato de estarmos sem conexão e eu ter achado que isso não atrapalharia o bate-papo.
Dias depois, estava dividindo a tela do meu celular com Mônica Martelli, que tem quase 2 milhões de seguidores – desta vez o vexame seria épico. Sentei à mesa da sala de jantar, a alguns quilômetros de distância do meu roteador. Acho que foi por isso que a imagem travou e o áudio falhou, mas seguimos assim mesmo, aos tropeços, como se eu estivesse em Marte.
O que aprendi? Que meus leitores são um arraso. Não arredaram pé e seguiram confiando no borrão onde deveria estar meu rosto. Graças ao incentivo deles, fiz novas lives em que me saí melhor, e os convites continuam chegando (inclusive, na terça, dia 26, repetirei a live com Jackie. Te devo esta, amiga). O jeito é ir em frente, sem esquecer de rir das desventuras. Não tem sido fácil – nada tem sido –, mas é nosso dever seguirmos vivos no jogo. I'm alive.