Assim que recebi a triste notícia da morte da Mariana Kalil, procurei lembrar os momentos em que estivemos juntas. Não foram muitos, mas foram divertidos. Como a vez em que viajamos para São Paulo. Eu seria entrevistada na arena do Roda Viva e ela seria uma das entrevistadoras. À noite, quando nos encontramos no hall do hotel para pegarmos um táxi para a emissora, confidenciei a ela que estava nervosa, afinal, seria uma entrevista ao vivo para todo o Brasil. E comentei: “quem me dera estar calma como tu”. Ela, serena, diáfana, abriu um sorriso em câmera lenta. “Martha, estou completamente dopada.”
Mariana e suas tiradas surpreendentes. Eu adorava seu humor e seus livros. Em Peregrina de Araque, contou da vez que desistiu de trilhar os 12 quilômetros do Monte Sinai. “Quem é que garante que Moisés subiu lá mesmo?." Não se rendia ao politicamente correto e enfrentava as consequências — sem perder a graça. Profissional supercompetente e uma entusiasta da vida, Mariana não se desperdiçou, extraiu o melhor da sua passagem por aqui. Só não precisava ser tão rápida.