A entrevista era para uma rádio e foi dada por telefone, o que me salvou do vexame. Os ouvintes não me viram fechando os olhos, franzindo o cenho, buscando no fundo do cérebro a palavra que não vinha. Cheguei a dar dois soquinhos na testa, tentando acordar alguém lá dentro. Não adiantava. Era um verbo básico, corriqueiro, desses que a gente usa toda hora, mas desapareceu. E eu ali, com a frase pela metade, sem conseguir concluir. Desesperador. Esse tipo de vacilo parece durar cinco angustiantes minutos, e não apenas cinco segundos, que é o tempo que a gente costuma levar para buscar uma expressão substituta.
Lapsos
Tenho procurado falar menos e escutar mais
A gente passa a vida dando explicação, emitindo opiniões, tentando se fazer entender. Lá pelas tantas, esgota
Martha Medeiros
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