Martha Medeiros
A entrevista era para uma rádio e foi dada por telefone, o que me salvou do vexame. Os ouvintes não me viram fechando os olhos, franzindo o cenho, buscando no fundo do cérebro a palavra que não vinha. Cheguei a dar dois soquinhos na testa, tentando acordar alguém lá dentro. Não adiantava. Era um verbo básico, corriqueiro, desses que a gente usa toda hora, mas desapareceu. E eu ali, com a frase pela metade, sem conseguir concluir. Desesperador. Esse tipo de vacilo parece durar cinco angustiantes minutos, e não apenas cinco segundos, que é o tempo que a gente costuma levar para buscar uma expressão substituta.
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre:
- palavras
- escrever
- vocabulário