Desculpem, desculpem, não assisti a nenhum episódio do atual BBB, esse que está no ar, o de número 1.289.763, ou algo assim. Só sei que foram muitas edições. Sou do tempo do Kleber Bambam e testemunhei o surgimento da Grazi e do Jean Wyllys. Depois deles, ou antes, tenho apenas vagas lembranças de um caubói brasileiro, de uma aeromoça, de um tiozão. E era isso. Ah, e da Sabrina Sato, mas daí eu já tinha perdido a paciência para ver intriga e traição após a novela das nove.
Não é um julgamento, cada um que assista o que bem entender. Encarnando a analista fake de TV, o BBB só dá certo porque reúne pessoas que não têm como dar certo. O cara que lê no mesmo quarto do que despreza qualquer manifestação de cultura, por exemplo. A fútil com a ativista.
Pela ficha dos participantes, um sequer cumprimentaria o outro longe das câmeras. Mas olha eles juntos lá, com a mesma bandana ou todos de echarpe, fazendo fofoca pelos quartos e dizendo que isso é jogar.
É um tanto deprê para o meu gosto. Mas a audiência nunca foi tão alta, o que significa que deprê sou eu.
Meu irmão chegou a figurar entre os cotados para entrar em uma das primeiras edições do BBB, mas desistiu antes do teste final. Pensar que eu podia ter ido esperar por ele no portão da casa mais vigiada do Brasil, de camiseta Meu Mano, Meu Herói e chapinha para o caso da câmera me pegar em um close. Vai que ele ganhasse o tal do milhão, hoje eu estaria aqui, fã do BBB. Quem sabe até não me inscrevia na cota dos mais velhos.
Mas seria interessante juntar alguns representantes do Brasil de 2021 na mesma casa. Podia entrar aquele sujeito vestido com uma roupa cor de cocô da Ku Klux Klan que andou discursando no Parcão, dia desses. E pelo menos uma das senhoras que, pleiteando liberdade, exige intervenção militar. Também podia entrar um negacionista antivacina. E qualquer um desses políticos cuja ignorância atravanca o progresso, eterna definição do saudoso Odorico Paraguaçu. O general Pezadello seria a subcelebridade da vez. E paro por aí com as sugestões, para não parecer provocação.
No meu reality imaginário, assim que os participantes cruzassem a porta, a produção jogaria a chave fora. Sem paredão, para não correr o risco de ninguém sair. O inconveniente é que, diferentemente do BBB de verdade, nesse todos os brothers teriam afinidades – o que não impediria o pescotapa, o puxão no cabelo e o dedo no olho. Daí a eles fundarem um partido, seria um pulo.
Melhor ligar no BBB do Fiuk e não dar ideia.
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Um dos repórteres esportivos mais respeitados do rádio brasileiro, João Carlos Belmonte acaba de lançar seus quase 50 anos de histórias em livro. Fala, Belmonte! Memórias do Cronista Esportivo é o testemunho de quem viu e viveu todos os grandes eventos do esporte, das Copas do Mundo e Olimpíadas aos Gre-Nais mais lendários. O livro tem prefácio do Roberto e edição do Caco, filhos do Belmonte.
Quem já tem alguma estrada por esse mundão vai lembrar de vários causos. Quem não tem vai descobrir que houve um tempo – mas faz tempo – que o futebol era fino também fora de campo. Lançamento da Farol3 Editora.
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Sugestão para levar para a casa. A padaria artesanal Geronimo é daqueles lugares que a gente se arrepende por não ter conhecido antes. Trabalhando dentro dos mais rigorosos protocolos pandêmicos, o chef Geronimo faz pães maravilhosos, bolos escandalosos e, aos sábados, almoços para retirada, tudo com o atendimento perfeito da Bel. A cozinha é vegetariana, mas os sabores são para todos os públicos. De terça a sábado, na Lopo Gonçalves, 204.