Quem se preocupa em manter a saúde em dia com uma rotina de atividades e também não abre mão de tratamentos para evitar rugas e marcas de expressão talvez já tenha se confrontado com uma dúvida recorrente nos consultórios: afinal, o exercício físico pode afetar a durabilidade do botox? A resposta definitiva para esta questão, contudo, ainda depende de estudos mais detalhados. Na prática e conforme a experiência das especialistas consultadas por Donna, pessoas que praticam atividades intensas ou usam de muita força regularmente podem, sim, ter uma redução do tempo de efeito da toxina botulínica.
Mas este seria apenas um entre muitos fatores que influenciam na duração do botox — e certamente não é motivo para deixar de se exercitar. Ao contrário: os exercícios, como você verá a seguir, trazem benefícios no combate ao envelhecimento da pele.
De esforço intenso a caretas
A toxina botulínica atua relaxando a musculatura da região onde foi aplicada. Se essa musculatura passa a ser contínua e intensamente estimulada ou recrutada, esse relaxamento pode ser "vencido" mais rapidamente. Para que a atividade física intensa seja uma ameaça à durabilidade da aplicação, primeiramente o estímulo muscular precisa se dar na área que recebeu o botox.
É por isso que, no caso de aplicação no rosto, uma pessoa que nem treina mas faz muitas caretas seguidamente pode ter a duração do tratamento comprometida tanto quanto quem faz força na academia todos os dias (e caretas por causa desse esforço).
— Em uma atividade intensa, pode haver recrutamento da musculatura facial, que está relaxada pelo botox. Assim, ela tende a voltar à força muscular normal mais precocemente — explica a dermatologista Analupe Webber.
Emagrecimento
Outra ameaça à durabilidade da aplicação é o emagrecimento — condição que treinos intensos podem provocar, mas não sozinhos, porque a alimentação também contribui.
— Se a pessoa tem um percentual de gordura muito baixo, se ela perde gordura no rosto, naturalmente as linhas de expressão e as rugas ficarão mais marcadas — observa a dermatologista Márcia Donadussi. — Temos de avaliar a pessoa como um todo.
A longo prazo, lembra ela, uma rotina de exercícios intensos aumenta a produção de radicais livres, ligados ao processo de envelhecimento.
Múltiplos fatores
Quando a duração do botox é menor do que o esperado, deve-se levar em conta diferentes possibilidades, incluindo ainda flacidez e nível de exposição solar.
— Um atleta que se expõe ao sol sem cuidados adequados pode ter o efeito botox no rosto comprometido também por isso, não só pela atividade física — compara a dermatologista Analupe Webber.
Há também fatores individuais a se levar em conta, como a força da musculatura tratada, a dose total usada e a técnica de aplicação. De acordo com Juliana Boza, existem padrões de contração muscular diferentes, inclusive para a região entre os olhos, a testa e a lateral dos olhos.
— Entendemos que o tratamento ideal depende de uma avaliação individualizada, para atender as necessidades de cada paciente de forma personalizada — conclui.
Atividade física faz bem
Nunca será desestimulada a prática de atividade física por conta do tratamento. Manter-se em movimento e ter uma boa alimentação faz bem à saúde e tem impacto nos resultados da aplicação.
Para quem treina intensamente (mas não só para essas pessoas, depende de análise individual), no entanto, a aplicação com intervalos regulares se torna ainda mais importante. Mas nunca antes dos quatro meses. Esse é um intervalo seguro, que evita efeitos adversos (como a formação de anticorpos) e aumenta a efetividade do tratamento.