O que o bolinho de feijoada tem a ver com o vendedor de mate e limonada da praia, com as escolas de samba e até com a torcida do Flamengo? Assim como os demais, o petisco se tornou um “Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial” da cidade do Rio de Janeiro. No decreto publicado no Diário Oficial da cidade em outubro, o prefeito Eduardo Paes justificou dizendo que o famoso bolinho se encontra nos cardápios de diversos bares e restaurantes da capital fluminense. E completou que a gastronomia manifesta a arte, a tradição e o conhecimento de um povo, estando diretamente ligada à sua identidade.
Mas como o bolinho de feijoada surgiu? A sacada nasceu da mente brilhante da “Mestra do Sabor”, Kátia Barbosa, quando estava com um grupo de amigos em um bar de Belo Horizonte e provou um bolinho de feijão e não gostou. Era na verdade era de acarajé. Incomodada com a experiência, ela resolveu criar a sua versão, com tutu grossinho, linguiça e bacon. Os amigos que participaram da primeira provinha acharam que tinha sabor de feijoada. Logo em seguida, os frequentadores do seu restaurante Aconchego Carioca, na Praça da Bandeira passaram a experimentar o bolinho e a espalhar a novidade.
Atualmente o petisco é feito em uma pequena fábrica no mesmo bairro que produz em torno de quinhentas unidades por dia para abastecer os restaurantes comandados pela chef, incluindo o Bar Kalango (@barkalango), em Botafogo, e o Katita (@chefkatiabarbosa), no Tastelab do NorteShopping (@tastelab_norteshopping).
A chef não se incomoda mais com o fato do seu bolinho ser copiado por muitos bares, inclusive alguns bem conhecidos. Ela diz que em várias oportunidades experimentou as imitações e precisou ter que ensinar ao dono do bar como fazer a receita correta.
– Se é para copiar que faça bem-feito. Afinal vão ficar dizendo por aí que o bolinho que eu criei não é bom – conta, bem-humorada.
Para a Katia, quando alguém imita algo é porque o seu trabalho é bom.
– Ainda bem que as pessoas copiaram. Fico até feliz e agradecida. Se não fosse isso o bolinho não tinha chegado ao patamar de patrimônio. É muito bom para a gastronomia – conclui a chef.
O fato é que o Rio é o berço da cultura dos botecos no país, locais onde os bolinhos de todos os tipos e sabores reinam. Um forte resquício do período em que era capital do Império e da República. Eram nos botecos que os cariocas se reuniam nessas épocas para discutir política e economia, além de criar sambas, obras literárias e até mesmo partido político. Isso mesmo que você leu. O Partido Comunista nasceu nas mesas do Bar Amarelinho, na Cinelândia, que recentemente foi comprado pela rede de bares Belmonte.
Um botequim estilo pé sujo que vale a pena conhecer na Cidade Maravilhosa por ter um famoso bolinho, que não o de feijoada, é o Pavão Azul (@pavaoazuloficial), em Copacabana. Lá a fama se dá por conta do bolinho de patanisca, feito com bacalhau e sem batata. Muito longe de ser um bolinho de “batatalhau” como se come bastante por aí. O boteco é um point da cidade e fica cheio dia sim e outro também. Principalmente quando a clientela vai para lá depois da praia para degustar a iguaria e outras delícias, acompanhado de um chope bem gelado. Os donos não revelam a receita, mas dão como pista que seguem o preparo clássico da patanisca.
Outro bolinho que faz a cabeça dos cariocas é o de arroz do conhecido Bar do Momo (@bardomomooficial), na Tijuca, e também dentro da colab Liga dos Botecos (@ligadosbotecos) de Botafogo e do Flamengo. Criado pela Dona Glória - mãe da família Laffargue – muito antes do bar existir, o petisco ganhou novas leituras pelas mãos do filho Toninho Momo, que hoje está a frente do negócio. Ele acrescentou ainda uma combinação caprichada de queijos e linguiça. A iguaria conquistou corações quando participou do Comida Di Buteco em 2013. É uma ótima pedida quando acompanhado de um chopinho e no alto do terraço recém-inaugurado na Liga dos Botecos de Botafogo, local que promete ser uma sensação neste próximo verão carioca.
Aprenda a preparar a clássica receita de bolinho de arroz do Bar do Momo:
(Rende 25 porções bolinhos)
Ingredientes:
- 500g de arroz
- 500g de queijo muçarela ralado
- 250g de queijo prato ralado
- 100g de queijo parmesão ralado
- 500 ml de leite
- 500g de farinha de trigo
- 3 gemas de ovos
- 1/2 punhado de salsa
- 250g de linguiça calabresa
Modo de preparo:
- Prepare o arroz normalmente.
- Ainda quente, acrescente os queijos e a linguiça. Misture até que os queijos derretam com o calor do arroz. Reserve a massa até esfriar.
- Em um bowl, misture o leite com a farinha até o mix ficar o homogêneo.
- Acrescente essa mistura à massa já fria de arroz, calabresa e queijos.
- Em seguida, junte as gemas de ovos e a salsa picada.