O ponto onde ficava uma parrilla, no coração do bairro Bom Fim, vagou e não demorou muito para a chef Laura Matiotti alugá-lo. Esse foi o primeiro passo em busca de tirar seu sonho do papel. A segunda foi definir que negócio gastronômico daria vida ao espaço ao ar livre que fica na principal avenida do bairro. As características do local, no entanto, não deram outra opção a não ser um bar.
Quem passa pela Vasco da Gama já deve ter notado o novo ponto que ganha movimento à noite. Foi justamente pensando nesses deslocamentos cotidianos, de quem vem e vai, que nasceu o Zanza. Uma referência direta para que o lugar fosse uma pausa à quem "zanza" por lá.
Seu nome ganhou ainda mais sentido quando, antes da inauguração oficial, Laura fez um jantar apenas para amigos íntimos, que seriam sinceros sobre os pratos do cardápio e a carta de drinks. A surpresa foi quando pessoas que caminhavam pela frente do bar decidiram entrar. De repente, o lugar estava lotado — de amigos e clientes de passagem.
Confesso que entendo quem se convidou para entrar antes mesmo da abertura. O ambiente é muito simpático, diria que impossível de não se notar. E não há nada de chamativo! Pelo contrário, são mesas de metal, espalhadas pelo quintal, que faz divisa com uma praça arborizada. Tudo fica ainda mais charmoso com as luzes no alto e os pedidos saindo pela janela do balcão. Até eu decidiria entrar se estivesse passando.
Minha primeira impressão, logo ao chegar, foi: que bom que Porto Alegre ganhou um cantinho tão legal quanto esse. A suposição foi sendo confirmada no decorrer da noite. A começar pelo cardápio e o uniforme dos atendentes, que estampavam a frase “somos locales pero de fuera” (do espanhol, somos locais, mas de fora). Uma sentença que marca a atenção do bar com os produtos locais, como charcutaria e vinhos gaúchos, mas com uma inspiração hispano-argentina.
O menu é dividido entre aperitivos e entradinhas, pratos para compartilhar, sandubas, pratos principais e sobremesas. Na primeira seção, pedimos e destacamos o pastel de camarão com catupiry (R$ 22). Primeiro, pelo formato incomum da massa caseira, que é retangular. Segundo, pelo sabor impecável do recheio, com camarões fartos e um molho suculento.
Os pratos para compartilhar são o grande show da casa - e os que mais combinam com a proposta do lugar, que é justamente uma pausa despretensiosa para comer e beber bem em boa companhia. Pedimos o Mila y Fritas (R$ 46), iscas de carne à milanesa com batatinha frita e molhos da casa.
Existe uma regra que a gente nunca quebra: se há tartar no cardápio, ele deve entrar no pedido. E nesta noite não foi exceção. Porém, não era um tartar (R$ 46) comum. Deixou dúvidas entre nós, que exigimos o máximo dos nossos paladares para identificar quais eram os ingredientes que deram um toque a mais. Os responsáveis foram o picles de cebola, os alcaparrones (alcaparras gigantes) e raspas de limão sicilinao.
A regra número dois é que, constando croquetas no menu, também deve ser pedida. E assim o fizemos. Há tanto a versão de cogumelos, quanto a de cupim (R$ 35), que foi nossa escolha. Temos repertório quando se trata de croquetas e posso dizer que foi uma das melhores já experimentadas. Com o toque da maionese de alho, ainda mais irresistível.
Na seção dos sandubas, o carro-chefe da casa, provamos o Frito de Longaniza (R$ 30), um sanduíche nada convencional. Trata-se de um pão empanado, recheado com queijo colonial, longaniza e maionese de alho.
O bar tem um papel fundamental no Zanza, já que é o coração do local. De um lado, um janelão que dá para a rua, de onde pode-se observar a correria dos bartenders. De outro, uma estante instagramável de garrafas expostas. E, do outro, o balcão de onde saem os drinks e cervejas da casa.
De lá, saíram a queridinha dos hermanos, uma Quilmes (R$ 12) bem gelada, um Zanza Spritz (R$ 28), drinks refrescante que leva ramazzotti rosato, vodka, limão siciliano, gengibre e proseco. E, para fechar, o preferido da noite: Jorge Amado (R$ 26), uma releitura brasileira com cachaça, limão tahiti e maracujá.
De pratos principais, há apenas duas opções: entrecot ao molho mostarda com fritas e couve flor tostada com purê de rúcula e legumes. Não provamos nenhum deles para, estrategicamente, haver uma segunda vez.
Pulamos, então, direto para as sobremesas. Nossa escolha foi o clássico doce espanhol, uma torta basca (R$ 25) com toffee e queijo sardo ralado, com uma calda de caramelo por cima. Nunca é um erro pedí-la!
Bom, eu estava certa desde o início. O sentimento de satisfação tomou a mesa ao final do jantar. Aquele sentimento de saber que nossa cidade tem ganhado tantas opções incríveis para a gastronomia, voltadas para um olhar especial ao que é nosso e daqui.
Bem-vindo, Zanza!
ZANZA
Endereço: Rua Vasco da Gama, 270, no bairro Bom Fim
Horário de funcionamento: De terça a sábado, das 18h às 00h
@zanza.poa