Era uma sexta à noite e eu tinha uma missão especial: encontrar um lugar legal para levar minha mãe, que havia acabado de chegar ao Rio para me visitar. Ela queria um bar para petiscar e tomar cerveja. Algo descontraído e, de preferência, que ela ainda não conhecesse, mas o requisito principal era que tivesse música ao vivo! Tinha ouvido falar do Beco do Rato e pensei que poderia ser uma boa opção, embora algumas amigas tivessem me dito que era um boteco bem simples e talvez não adequado para um “programa com mãe”. Mas resolvi arriscar, afinal, a minha família é de botequeiros!
Chegamos ao Beco em torno de 21h, horário em que o local ainda não estava muito cheio. O bar fica quase escondido, localizado em uma ruela de pouco movimento no início da Lapa, próximo à Glória. Ao entrar lá, já nos encantamos pelos painéis com desenhos que fazem alusão à cultura popular brasileira, retratam mestres do samba e reproduzem pontos do Rio de Janeiro!
A casa é grande e tem três ambientes: área interna bem iluminada, área externa onde estava a roda de samba e outra parte que é intermediária entre essas duas, totalmente coberta mas junto à parte aberta. Todas elas são interligadas. Nós escolhemos uma mesa na parte de fora e perto da banda.
Para abrir os trabalhos, pedimos uma Cerveja Original. Estranhamos um pouco quando o garçom disse que só poderia nos dar copos de plástico, mas tudo bem... Depois a gente entendeu o porquê: o bar fica muito cheio e o clima no final da noite é de festa. Além disso, a simplicidade faz parte da essência do Beco do Rato. Ah, a cerveja estava geladíssima!
O cardápio não é muito extenso e conta com alguns quitutes da culinária mineira. A especialidade do bar é o pastel de angu, então esse foi nosso primeiro pedido. Criação dos escravos mineiros, que o inventaram com o intuito de aproveitar sobras de fubá, a receita nasceu na pequena cidade de Itabirito e logo virou tradição! Para nossa sorte, o fundador do Beco do Rato é itabiritense e trouxe essa delícia de sua terra natal.
O pastel de angu é parecido com risoles, porém sua massa lembra polenta, já que leva fubá de milho. Super crocantes por fora e macios por dentro, eles chegaram bem quentes e muito recheados, nos trazendo uma excelente sensação ao matar a fome com esse petisco cheio de história e sabor! Na foto, o pastel de angu recheado com frango e catupiry.
Decidimos dar uma olhada na parte do cardápio destinada a cachaças e percebemos outra novidade: a cachaça de milho. Nunca tínhamos visto isso e não podíamos deixar de provar! Sua cor amarela intensa chama atenção, já o sabor é suave. Dá para sentir bem o gosto de milho, mas ele não é exagerado e combina na medida com o álcool da cachaça. Gostamos muito! A outra dose foi de cachaça da casa e também estava ótima.
Nessa hora chegaram mais duas amigas para nos fazer companhia. Pedimos o prato que leva o nome do bar para dividir entre nós quatro. Com filé aperitivo, lingüiça mineira e batata frita, ele era bem servido e bom, mas nada de especial.
E então, no caminho para o banheiro, passei numa área mais reservada e presenciei uma cena inusitada: um garçom/ajudante de cozinha estava recheando pasteis com carne moída e os fechando manualmente! E ele ainda foi mega simpático quando pedi para tirar uma foto. Como não amar um bar onde se pode ver uma coisa dessas? Me senti na casa de amigos.
Óbvio que depois disso eu precisava comer esse pastel! O resultado não podia ser diferente, gostinho caseiro, no maior estilo almoço de família. Deu vontade de comer muitos.
No cardápio não tem sobremesa, mas no meio da noite apareceu essa simpaticíssima ambulante que circula pelos bares da região vendendo guloseimas!
Durante todo esse tempo, tava rolando show do Samba do Xoxó, roda de samba maravilhosa! Eu frequento samba sempre que posso e já conheço o Xoxó há algum tempo. Saber que eles estariam no Beco do Rato nesse dia foi um dos grandes motivos que me levou para lá. Afinal, minha mãe – a convidada especial dessa noite – queria música ao vivo de qualidade, algo que eu sabia que eles iriam proporcionar!
Seguindo a tradição de uma boa roda de samba, as músicas foram ficando mais animadas no decorrer da noite e alguns convidados foram recebidos para dar uma palhinha. Chegou um ponto em que todo mundo se levantou para dançar – gente de idades e estilos diferentes, todos unidos pelo samba e cantando junto com a banda. Apenas incrível!
Nem precisa dizer que o Beco do Rato superou nossas expectativas e tivemos uma noite muito alto astral. Minha mãe virou fã da casa e disse que vai voltar lá em sua próxima vinda ao Rio! Eu amei conhecer o lugar. Aqui no Rio, a combinação boteco + música ao vivo é mais difícil de encontrar do que deveria ser, e o Beco consegue atender muito bem esses dois quesitos!
Toda a comida que apareceu aqui, várias cervejas, doses de cachaça e samba de primeira qualidade custou R$ 65 por pessoa (incluindo couvert artístico de R$ 15).
Beco do Rato
Rua Joaquim Silva, 11 – Lapa
Rio de Janeiro /RJ
Fone: (21) 2508-5600
Aceita cartões Visa e Master.
www.becodorato.com.br
* Conteúdo produzido por Juliana Goulart