Vida de jornalista não é fácil. Numa dessas buscas incessantes por fontes diferentes para tentar variar os entrevistados, acabei caindo no bar Vasco da Gama, 1020. Já tinha visto algumas fotos no Instagram de alguns amigos, e papo vai, papo vem, me disseram que eu podia falar com a menina responsável pelos drinks de lá.
Trocamos algumas mensagens, e uma semana depois lá estava eu ajudando a produzir fotos para uma futura pauta de drinks para o nosso caderno na Zero Hora. O fato é que, no momento que pisei no bar, me apaixonei. E logo retornei para conferir os drinks e as comidinhas do cardápio.
O lugar parece pequeno, mas tem dois andares. A decoração é meio industrial, com canos à vista, mesas de madeira e bancos de metal.
Os outros itens de decoração parecem saídos de décadas passadas, o que garante todo o charme do lugar.
Andando mais um pouco, até o fundo do bar, uma pequena área externa com lugares para sentar. E, pasmem, uma cadeira do Estádio Olímpico, antigo e saudoso estádio do Grêmio. O clube colocou à venda, e Eduardo, proprietário do bar, garantiu o seu exemplar.
Então, chamei minha xará Ju para um happy hour logo depois do trabalho. Assim a gente conhecia o lugar e ainda aproveitava a luminosidade do horário de verão para as fotos. Alguma dúvida de que eu sentaria no balcão para curtir a experiência?
A decoração é de encantar. A Bruna, responsável pelos drinks, nos contou um pouco da história dela e avisou que é filosofia da casa apostar na cachaça artesanal, para incentivar o consumo desse produto de qualidade e genuinamente brasileiro. O gosto pela bebida é tanto que ganhou destaque na decoração, com uma prateleira só para ela.
Olha aí a Bruna em ação. Ela tem 25 anos e contabiliza vários cursos de mixologia em São Paulo para adquirir conhecimento suficiente para criar seus próprios coquetéis.
Meu primeiro pedido foi o Solstício, com whisky, limão e redução de laranja com páprica, cardamomo e gengibre. Incrível! Refrescante e picante ao mesmo tempo.
A Ju foi de Vértice, um drink menos alcoólico que a Bruna nos contou que é a nova tendência mundial, o tal de low alcohol. Esse leva Aperol, bergamota, mel, limão e água com gás. Parecia um suco de tão delícia, além de ser lindo visualmente.
E o cardápio? Bem enxuto, para não deixar dúvidas na nossa cabeça. Alguns drinks, algumas cervejas e três pratos somente, que mudam a cada 20 dias, assim como o chef que os cria e prepara.
Os chopes são artesanais, de diferentes cervejarias aqui de Porto Alegre. E são cobradas por copo: oferecem três tamanhos diferentes de pint. Nas torneiras, uma das referências à buldogue mascote da casa, que é petfriendly (precisamos mais disso na cidade).
Depois de dois drinks, bateu a fome. Sem garçons, o atendimento é todo feito no balcão. Para pedir a comida, é preciso subir uma escadinha e falar diretamente com o chef. Importante reparar ali ao lado um bebedouro. Sim, a água é gratuita!
Achei bacana a iniciativa: além de conhecer o resto do bar, é possível conversar com o chef - neste dia era o Gilles Saraiva - e pedir uma alteração ou outra no pedido.
Aproveitamos para conhecer o segundo andar, igualmente encantador na decoração. Além das poltronas, mais algumas mesas e almofadas completavam o ambiente.
Menos de 10 minutos depois, e lá estava o chef no balcão nos entregando o primeiro prato. Importante lembrar que o cardápio é inconstante e muda de tempos em tempos, então provavelmente esta receita já não esteja mais no cardápio quando você for. Nos encantamos pelo sanduíche de carne de porco desfiada com molho barbecue e coleslaw, acompanhado de fritas. Cheio de molho e com sabor diferente de tudo o que eu já tinha provado por aí.
Partimos para mais uma rodada de drinks. Eu novamente apostando nos mais amargos, e a Ju, nos mais doces. Melhor assim, para podermos experimentar de tudo. Como a cachaça é um dos carros-chefes da casa, pedi o Agre, com cachaça envelhecida, cynar, xarope de gengibre e limão. Amargo e refrescante na medida certa. Bruna ainda nos explicou que todos os xaropes e caldas são feitos por ela, lá mesmo. E que lá não entra suco de caixinha, é tudo natural.
A Ju investiu no Terrenho, com vodka, vinho rosso frisante, redução de beterraba, xarope de morango e bergamota. Não se assuste com a beterraba, nem parece que ela está lá. E, além de tudo, apresentação é impecável.
A fome bateu de novo e pedimos uma porção das tortillas de trigo recheadas com queijo, cream cheese e frango. Molhadinho e cheio de queijo. Delícia!
Já estávamos satisfeitas, mas depois de muito papo, resolvemos fazer a saideira com um último drink. O escolhido foi o Yasa'i, com saquê, licor de açaí, xarope de morango, geleia de gengibre e limão. Docinho, refrescante, a cara do verão.
Os drinks são incríveis (bem diferentes do que costumamos encontrar em Porto Alegre), a comida é saborosa e você ainda corre o risco de dar de cara com a mascote da casa.
Depois desse happy hour de respeito, a conta ficou em cerca de 70 reais por pessoa. Apesar de os drinks terem um valor honestíssimo, achei os pratos um pouco caros para o tamanho, mas não posso negar que estavam uma delícia.
Vasco da Gama, 1020
Rua Vasco da Gama, 1020 - Rio Branco
Porto Alegre/RS
(51) 9327-1480
Aceita cartões Visa e Master
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* Conteúdo produzido por Juliana Palma