Saint-Rémy é tipo um sonho. Também pudera né, um lugar minúsculo onde todo mundo se conhece pelo nome, que respira comida e bebida, que tem poucos carros, tudo absolutamente preservado e sem flanelinhas. Imaginou?
Para entrar Commune adentro, tem que deixar o carro do lado de fora e flanar sem destino certo, deixando o instinto falar mais alto. Cada beco é um achado, e cada achado, uma surpresa.
São tantas vitrines que a gente fica até angustiado. Dá vontade de entrar em tudo que é delicatessen, boucherie, bistrô e demais lugares com nomes afrancesados que agora não me ocorre de cabeça, mas certo que tem lá.
Fomos com um foco definido logo depois de encontrar o Rog e a Petula, um querido casal de amigos que também estavam por lá. Eles disseram que haviam jantado num lugar delicioso na noite anterior, que tinha agradado toda a família.
Genial, reservamos para oito e pouco, mas fomos bem mais cedo para a Commune passear pelas ruelas estreitas de Saint-Rémy, com a promessa de não comprar nada para não pagar de turistão chegando no restaurante tapado de sacolinha e sacolão. Foi difícil. Não cumprimos essa meta, foi impossível.
O lugar é lindinho, serve uma típica comida provençal e segundo o Rog, tem esse nome em homenagem a um filme antigo de mesmo nome, que conta a história de um cara que trava praticamente uma guerra mundial na tentativa de preservar a verdadeira cozinha francesa. Ótima credencial!
Gosto de restaurantes que contam hisrórias. O nome do lugar diz muito sobre ele. Pensem nisso, pensem em lugares que gostam muito e reflitam acerca do nome deles.
Existem duas formas de aproveitar direitinho o L'Aile ou La Cuisse. Uma delas é o menu composto por entrada, prato principal e sobremesa. A outra é avaliar o menu geral e criar a própria degustação. Fico sempre bem confuso nessa hora, porque acabo encontrando coisas ótimas no cardápio que não fazem parte do menu da noite. Daí fomos de menu normal mesmo, deixa com a gente :)
Sempre começo a me sentir realmente à vontade depois do primeiro gole de vinho. Pegamos um da região, pra sentir bem o terroir deles. Esse rosé de Les Baux de Provence (onde estávamos hospedados) certamente é o vinho que eu escolheria para beber no meu menu dos sonhos.
De entrada, a Re foi de camarões marinados com um maionese de limão. Uma entrada bem sortida, porque comer seis desses não é mole não!
Imitei a tia da mesa ao lado e pedi um bruschettão ninja daqueles de sujar a camisa. Valeu cada manchinha.
De principal, a Re foi de bacalhau com nozes, gorgonzola e legumes da estação. A Re com bacalhau é que nem meu pai com pizza margherita, quando vê no cardápio esquece de todas as outras opções.
Lembrei do que o Rog havia dito com relação ao jantar deles na noite anterior e fui reto na paleta de cordeiro desossada cozida em molho de sua própria redução, com legumes da estação. Acho que não preciso dizer que ganhei a noite né?
O método de escolha da sobremesa é bem simples, o cidadão caminha até a parte da frente do restaurante e aponta na vitrine de doces (da quarta foto deste texto). Ali é tipo a Disney dos doces, todos feitos pelo chef pâtissier da casa. Mas é tanta opção que nego até se confunde. A Re foi nesse mousse-bombom de chocolate, que era lindo mas meio pesadão.
Joguei com o regulamento embaixo do braço e fui conservador. Nunca errei com mil folhas. Ninguém erra pedindo mil folhas, não existe essa possibilidade. Acabei tendo que dividir o meu com a Re, de tão bom que tava!
Duas entradas, dois pratos duas sobremesas e uma garrafa de vinho a 55 euros por pessoa. Fugir do roteiro turístico tem suas vantagens, já que os moradores da cidade não aceitam pagar preços de turista. Valeu Rog!
L'Aile ou La Cuisse
5, Rue de la Commune - 13210
Saint-Rémy-de-Provence, França
Fone: +33 4 32 62 0025
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