Sabe aquela mania muito comum entre a galera que curte House of Cards, Homeland, Game of Thrones, Breaking Bad? A mania de ser monotemático e falar unica e exclusivamente sobre isso? Então, eu sou igual. Só que não para séries, e sim para viagens.
Quando vou a um lugar, volto falando o tempo todo dele, procurando pessoas que já foram para lá na tentativa de travar uma conversa com pontos em comum etc e tal. Provence é assim. Por sinal, alguém aí quer falar sobre Gordes, essa cidadezinha localizada no topo de um alpezinho, bem perto de Avignon? Vamos falar sobre ela?
Ao mesmo tempo que é absurdamente cinematográfica, também está entre os lugares mais angustiantes que já fui, porque optar por pegar à esquerda numa ruelinha linda significa não ir à direita numa outra tão linda quanto. Fico doido quando isso acontece. Pelo menos a vista compensa, de qualquer que seja o lado!
Todos os restaurantes são lindos e com cara de infalíveis. Todos. E todos sempre tinham gente com ar de bom gosto, dando aquela pinta de que não eram marinheiros de primeira viagem e que tavam ali por motivos bem claros.
Mas não dava pra ficar escolhendo muito porque nesse caso tempo é dinheiro. E fome. Quanto mais rápido escolhessemos nosso destino, mais tempo teríamos para almoçar. Então cada um vota num e seja o que Deus quiser.
A Re e eu fomos unânimes na escolha, porque convenhamos que nada mal comer debaixo dessas árvores na praça do castelo né?
O restaurante, como muitos outros na Provence, tinha toda uma preocupação com alimentos orgânicos e tal. Como no Brasil essa prática ainda não é muito usual, resolvemos aproveitar o momento,
O tempo aqui parece que passa mais devagar, as pessoas tem menos pressa, se preocupam menos com as coisas, e valorizam mais o agora. Desligam do ontem e do amanhã.
Pensem nisso, pensem como a gente perde tempo vivendo no ontem ou no amanhã, dedicando quase nada para o agora. Sério. Pára tudo e vive o agora. Desliga o celular, pára de perder tempo com bobagem e valoriza este momento.
Aí o cara começa a pensar onde está, com quem está, o porquê de estar ali... As coisas começam a fazer total sentido. Tudo fica melhor, mais vivo e mais significante.
Estávamos de carro, até porque Gordes fica há alguns kilômetros de Saint-Rémy. Então é legal respeitar isso e não beber. A Re me acompanhou nessa e ficamos pelo menu kids das bebidas. Ela na água, eu no chá da casa.
Pedimos igual nos pratos, porque a moça explicou com tanto carinho as preferências do dia e o que estava mais fresco que nos derretemos. Começamos com uma salada de orgânicos da horta com mussarella de búfala.
Em seguida, um espetacular magret de pato com legumes da estação, que estava de chorar. Até hoje sinto o sabor dessa lindeza, quando bate aquela fome desesperadora no meio da tarde.
Como tudo tem dois lados nessa vida, que é o ruim e o bom, ir embora ao mesmo tempo que se tornava um momento triste, também nos brindava com novas descobertas, já que ir até o carro para pegar o caminho de volta implicava em passar por ruelas ainda não desbravadas. Por isso resolvemos comer a sobremesa no caminho.
No La Renaissance gastamos 68 euros por pessoa. Já nas outras portinhas do caminho, prefiro nem fazer as contas. Então, vamos falar sobre Gordes?
La Renaissance
Place du Château, 84220 - Gordes
Provence, França
Fone: +33 4 90 72 02 02
Todos os cartões