Não é de hoje que se fala dos vinhos do Pampulhinha. A carta do clássico restaurante de pescados, localizado em Porto Alegre, já ganhou centenas de prêmios, inclusive o de maior adega da América Latina, quando registrou mais de 10 mil rótulos. E é claro que, em uma edição sobre os lugares tradicionais da Capital, ele não poderia ficar de fora.
Para relatar esta experiência, tive a honra de conhecer a adega de pertinho. Ao entrar, é impossível saber para onde olhar. Ela fica dentro de um cofre antigo e conta com inúmeras prateleiras, que comportam as garrafas. Há um espaço dedicado aos rótulos exclusivos e outro para as magnum, garrafas de 1,5 litro. É incrível estar perto de grandes vinhos mundiais.
A casa guarda rótulos cobiçados e premiados, como o francês Chateau Petrus, da safra de 2001, à venda por R$ 70 mil. Há outros ícones da enologia, como o espanhol Vega Sicília, o italiano Brunello de Montalcino, da Biondi-Santi, e o francês Romanée-Conti La Tâche.
Portugal também tem destaque na carta de vinhos, afinal de contas, a casa é especializada na culinária do país. Isso é perceptível ao ler o menu, que é quase uma enciclopédia de tão grande.
A vasta quantidade e complexidade faz com que as garrafas sejam divididas por países e suas regiões. A do Douro, por exemplo, conta com uma dezena de páginas destinadas aos vinhos preferidos do proprietário Jaime Pinheiro.
PAIXÃO DE FAMÍLIA
O amor por vinhos vem da infância, conta Kelly Pinheiro, à frente do restaurante junto da irmã, Cristina. Elas são filhas de Jaime, que deu início a sua história em meio às vinhas, em função de seus pais, que eram agricultores e produtores rurais portugueses.
Aos 17 anos, Jaime chegou ao Brasil e começou a trabalhar no restaurante do irmão. Em 1971, abriu o Pampulhinha, mas com uma proposta de pizzaria e bar. Então, em 1979, começou a preparar frutos do mar — grande parte das receitas foram aprendidas ao assistir sua mãe cozinhar — e a colecionar os vinhos de sua adega. Mais de 30 anos depois, o restaurante mudou de endereço e foi para a antiga sede do Banco Sul-Americano.
A reforma levou sete meses, tempo necessário para que todos os desejos de Jaime fossem atendidos. O cofre do antigo banco foi o local escolhido para armazenar os rótulos. Assim, surgiu a Adega Forte, nome carinhoso pelo qual o espaço é chamado. O acesso a vinhos exclusivos, de safras únicas e, por muitas vezes, caros, veio com a proximidade de Jaime com as importadoras que vendiam o bacalhau ao restaurante. Por sempre gostar de vinhos, foi adquirindo conhecimento e, assim, conquistando as relíquias.
EXPERIÊNCIA GASTRONÔMICA
Se engana quem pensa que o Pampulhinha só conta com vinhos caros. Dentre os milhares de rótulos, existem garrafas a partir de R$ 45 para consumir no local ou levar para casa. Mas há clientes que procuram o lugar pois sabem que lá encontram raridades e, principalmente, rótulos antigos.
Além de servir excelentes pratos com frutos do mar, o Pampulhinha também virou ponto turístico de quem ama gastronomia. Vale a pena conhecer, conversar com a família e com a equipe — o funcionário mais novo tem 18 anos de casa e o mais velho, 50. Isso só ocorre em clássicos da cidade.
Um brinde ao Pampulhinha!
PAMPULINHA
Av. Benjamin Constant, 1.791, no bairro Floresta, em Porto Alegre
De terça a sábado, das 11h30min às 14h e das 19h às 22h. Segunda, das 19h às 21h30min
@pampulhinha