É evidente que, neste momento em que estamos passando, as comemorações foram adiadas ou até canceladas. E com isso, a compra do nosso amado espumante, relacionado a festividades, reduziram e muito. Além da redução bruta das celebrações, as vendas em bares e restaurantes também caíram drasticamente. Primeiro, por terem ficado fechados por bastante tempo e, segundo, pelo fato de que mesmo abertos, muitas pessoas deixaram te ter o hábito de sair para tomar uma tacinha de champanhe no happy hour.
E isso aconteceu no mundo todo. As vendas nesses estabelecimentos são muito expressivas para o setor. E é a taça de champanhe despretensiosa no winebar com os amigos que movimenta o mercado. O produto francês, ligado ao luxo e festas, ainda tem outros dois agravantes: a baixa da exportação devido às barreiras sanitárias e, desde 2019, o presidente americano Donald Trump criou uma taxa extra de importação de 25% sobre vários itens franceses, incluindo os vinhos, como represália ao imposto francês sobre operações digitais.
Mas se engana quem pensa que essa é a primeira crise do champanhe. Na Revolução Francesa tivemos uma situação semelhante, a bebida foi estocada, tanto por safra boa e de grande quantidade, mas também por não ter como comercializar os produtos. Ele ganhou muito status e prestígio na Rússia pela dinastia dos Czar e, com a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte, no país em 1812, imediatamente o Czar aplicou um decreto proibindo a importação do vinho francês engarrafado. Naquela época, era muito comum o envio dos vinhos em barris e, a bebida de luxo era a única comercializada em garrafas para preservar o perlage, as borbulhas.
Ao fim da guerra, com a retomada das comercializações, como tudo não são flores, em 1815 teve uma safra bem ruim para o champanhe e, em 1817, houve a escassez do produto, bem quando o mercado estava se recuperando. Foi quando a Barbe-Nicole, famosa "Veuve Clicqout", desenvolveu a técnica do "remouage" para efetuar a limpeza dos espumantes.
Será que dessa crise conseguimos tirar o coelho da cartola? No momento, o Comitê de champanhe pensa em reduzir a quantidade de produção de uva por planta, para assim reduzir a quantidade de bebida produzida. Um fato é que eles não querem baratear e, muito menos, liquidar para não mudar o posicionamento de luxo do vinho de borbulhas. A questão é que essa redução prejudica muito os viticultores que trabalham de sol a sol para ter uma uva de qualidade e devem derrubá-las ao chão por medidas de produção.
Ainda temos vários capítulos dessa história pela frente mas, em breve, estaremos com as taças de champanhe na mão e debatendo sobre como foi a resolução tanto da pandemia quando da crise das borbulhas. Esse é um desejo meu e de muitos amantes da bebida.